A autarquia de Sintra deu Luz verde para o projeto StoneCITI – Centro de Inteligência e Tecnologia da Indústria da Pedra Natural, que vai funcionar nas antigas instalações da fábrica Pardal Monteiro, num investimento de 11 milhões de euros.
A assinatura do acordo de cedência do imóvel entre a Câmara Municipal de Sintra e a Associação para a Inovação e Tecnologia em Pedra Natural – AITPN, foi concretizada esta sexta-feira, para um projecto em parceria entre o Instituto Superior Técnico, a Câmara Municipal de Sintra, a Assimagra (Associação Portuguesa dos Industriais dos Mármores, Granitos e Ramos Afins) e o Cluster Portugal Mineral Resources,
“Esta é a concretização de um grande projeto para todo o Concelho de Sintra e para o país. Desde o inicio do nosso mandato que o setor da pedra foi objeto da nossa atenção, porque é um setor que honra a economia portuguesa”, disse Basílio Horta, presidente da Câmara de Sintra.
Para o edil, o StoneCITI é um “projeto inovador”, considerando que o protocolo assinado entre as partes, “marca, não só, a revitalização deste lugar, mas de todo o setor a nível local, nacional e internacional”, disse Basílio Horta, acrescentando que a criação do centro tecnológico em Pêro Pinheiro, vai “representar maior valor acrescentado para a indústria, para a produção nacional e para as exportações”.
(…) “é a concretização de um grande projeto para
todo o Concelho de Sintra e para o país” — Basílio Horta
Desenvolvido entre a ASSIMAGRA, juntamente com os empresários do setor de Pêro Pinheiro, o Instituto Superior Técnico e o Município de Sintra, com o intuito de atrair valor real para o concelho de Sintra, o projeto tem como objetivos principais a inovação e a promoção do desenvolvimento tecnológico, logístico e operacional da indústria da pedra natural, a valorização e gestão dos recursos minerais em Sintra e a internacionalização do setor e a formação profissional.
A cerimónia de apresentação do projeto contou com a presença do presidente do Instituto Superior Técnico, Rogério Colaço, do vice-presidente executivo da ASSIMAGRA, Miguel Goulão, e do diretor da Associação para a Inovação e Tecnologia em Pedra Natural, Pedro Amaral.
Rogério Colaço, presidente do Instituto Superior Técnico, destacou a “ideia visionária” desta iniciativa da autarquia de Sintra, por permitir ligar um bem “a rocha ornamental, o seu valor, os empregos que cria, à capacidade tecnológica de desenvolver esse setor, em criar maior riqueza, maior eficiência e um menor impacto ambiental”.
Segundo este responsável “é a primeira vez que este sector tem uma oportunidade de fazer diferente, de crescer e de juntar tecnologia e ciência à valorização económica de um sector importantíssimo para o país”.
(…) “é a primeira vez que este sector tem uma oportunidade
de fazer diferente” — Rogério Colaço
Para Miguel Goulão, vice-presidente da Assimagra, este dia é de particular importância porque “foi daqui, desta região, que muitos homens e mulheres trabalharam a pedra com o selo de saber fazer. E foi esse selo que permitiu ao setor ter presença nas principais obras concretizadas por este mundo fora”.
Pensativo, “é daqui, hoje, que vai sair para Portugal a inteligência, a tecnologia e a inovação, e permitir ao sector acrescentar ainda mais ambição”, destaca este responsável, chamando a atenção desafios que “importa saber vencer, para chegar ao recurso, que tem um valor acrescentado” que importa repensar e valorizar.
(…) “foi daqui, desta região, que muitos homens e mulheres
trabalharam a pedra com o selo de saber fazer” — Miguel Goulão
Desde logo, “convencer o Governo para os propósitos do projecto, no território nacional”, propondo mesmo a classificação/criação de uma “Reserva Ecológica”, sob pena de “não haver recurso para que esta economia, com esta grandeza, possa continuar a existir”, disse Miguel Goulão.
Por outro lado, “é importante colocarmos inteligência nos nossos produtos”, chama atenção o vice-presidente da Assimagra, considerando que a diversificação dos usos da pedra natural, na indústria tem a ambição de valer 1% do PIB em 2030 e subir as exportações, dos atuais 400 milhões para 1000 milhões de euros ao longo dos próximos 10 anos. “Estamos a falar na criação de mais de 10 mil postos de trabalho diretos e 35 mil postos de trabalho indiretos”, estima Miguel Goulão.
(…) A Câmara de Sintra foi visionária (…) vamos criar a inovação –
e dá-la à industria” — Pedro Amaral
Pedro Amaral, diretor da Associação para a Inovação e Tecnologia em Pedra Natural – AITPN, referiu-se a esta cerimónia como “a marca que dá inicio à mudança” do sector, explicando que “vamos finalmente ter uma oportunidade de sustentar o nosso crescimento metendo todas as pessoas e todos os parceiros na mesma solução”.
Para o director da AITPN, “desenhámos o centro, vamos desenhar e usar a inteligência, vamos olhar para aquilo que é a tecnologia, vamos criar a inovação e vamos dá-la à industria”.
Para Pedro Amaral, “vale a pena apostar na inovação”, um investimento difícil, mais seguro. “O mundo mudou nos últimos 15 anos”, uma mudança de paradigma, destacando o papel “visionário” da autarquia de Sintra, que “captou a ideia” e permitiu as condições para a concretização do projecto.
O investimento na antiga fábrica será superior a 10 milhões de euros, disse ao SINTRA NOTÍCIAS fonte da autarquia, adiantando que sete milhões de euros serão aplicados nas obras e 2,5 milhões de euros em equipamentos. O espaço conta com uma área total de mais de 18 mil metros quadrados, dos quais 5920 correspondem aos edifícios industriais. A fábrica foi adquirida pela câmara de Sintra por 725 mil euros em fevereiro do ano passado.
No imóvel vão funcionar as instalações do Centro de Inteligência e Tecnologia da Indústria da Pedra Natural – StoneCITI, gerido pela Associação para a Inovação e Tecnologia em Pedra Natural (APEDRA), com o objetivo de desenvolver uma estratégia que contribua para o desenvolvimento da indústria da Pedra Natural com base na inovação e formação.
Memória da Pardal Monteiro
Domingos Pardal, começou a trabalhar na Pardal Monteiro, aos 9 anos de idade, ao lado do pai e do tio, para aprender a profissão de Canteiro. Subiu a pulso e foi o último a exercer a função de Encarregado, antes do encerramento doloroso da empresa. Mudou de vida. É um empresário de sucesso. Um dos melhores na arte do saber trabalhar a pedra. Ganhou o respeito, estima e a admiração de todos. “Mas, sabe o coração ainda aqui está aqui”, disse-nos ‘olhos nos olhos’ de voz embargada e sentida, quase como que a pedir desculpa por não ter um coração de pedra.
“(…) O meu coração ainda mora aqui” — Domingos Pardal
Sintra Notícias
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