APA garante “qualidade da água consumida” na AML

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) assegurou hoje que a água com origem na bacia do Zêzere e na albufeira de Castelo de Bode cumpre os "requisitos necessários" para consumo humano, tendo sido minimizados eventuais efeitos provocados pelos incêndios de 2017.

Numa nota divulgada à comunicação social na sequência de uma informação de uma equipa de investigação da Universidade de Aveiro, segundo a qual a qualidade do abastecimento de água da Área Metropolitana de Lisboa (AML) “pode estar seriamente comprometida” em consequência dos incêndios de 2017 junto ao rio Zêzere, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) afirma que, no seguimento do trabalho científico realizado por essa equipa, foram implementadas medidas “com vista à minimização dos eventuais efeitos provocados pelos incêndios na qualidade da água e nas condições de escoamento dos cursos de água”.

Essas medidas, implementadas pela Administração da Região Hidrográfica do Tejo e Oeste (ARHTO) em colaboração com os municípios afetados, incluíram o levantamento das necessidades de intervenção nos recursos hídricos, e, com a EPAL, “um reforço da monitorização nas albufeiras do Cabril e de Castelo de Bode, assim como no rio Zêzere a montante (estações, frequência e parâmetros)”, afirma a nota.

A APA refere ainda o “aumento das rotinas de vigilância da origem de água por observação visual e a antecipação de manutenção preventiva dos equipamentos associados às operações de tratamento, no sentido de acautelar a eventual necessidade de ajustar os sistemas de tratamento da ETA (Estação de Tratamento de Água)”.

“Os resultados analíticos obtidos desde 2017 não apresentam alterações relativamente ao histórico, quer na captação do Cabril, quer na captação de Castelo de Bode”, frisa.

Na informação divulgada na segunda-feira pelo Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), uma das unidades de investigação da Universidade de Aveiro (UA), era referida a elevação do “risco de degradação da qualidade da água” provocada pelos efeitos dos incêndios que afetaram cerca de 30% da bacia hidrográfica do Zêzere, que alimenta a barragem de Castelo de Bode e, por consequência, o abastecimento dos habitantes de Lisboa e arredores.

A razão prende-se com “a rápida e descontrolada erosão dos terrenos e a consequente incorporação nas águas de sedimentos e nutrientes das áreas ardidas”, referia.

Na nota divulgada hoje, a APA detalha o conjunto de medidas de proteção dos recursos hídricos adotado, nomeadamente, as que visaram as condições de escoamento, com “corte e remoção de material vegetal arbóreo e arbustivo ardido e a correção torrencial de linhas de água e proteção dos taludes das encostas percorridas pelo incêndio”.

Estas medidas visaram “minimizar os prováveis efeitos de obstrução de linhas de água, de destruição de infraestruturas, de riscos de inundação e afetação de captações de água superficial, decorrentes eventos de precipitação”, afirma.

“Dado o coberto vegetal das encostas ter sido totalmente destruído e atendendo ao facto de a área percorrida pelos incêndios apresentar declives muito acentuados (a que está associado elevado risco de erosão), revelou-se urgente a implementação de ações que promovessem a proteção das linhas de água e redução do risco de erosão em toda a extensão do incêndio”, acrescenta.

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) assegura que a água com origem na bacia do Zêzere e na albufeira de Castelo de Bode cumpre os “requisitos necessários” para consumo humano

Segundo a APA, depois de identificadas as zonas mais suscetíveis de erosão, foram aplicadas técnicas de engenharia natural (como aplicação de faxinas, de estacaria, de micro-açudes, de estruturas para retenção de sedimentos, de pilhas de compostagem, de destroçamento de material vegetal e construção de bacias de retenção) para minimizar esse risco.

Em relação à monitorização da qualidade da água, a APA afirma que, na sequência dos incêndios, a EPAL implementou planos de contingência para “garantir a qualidade da água e a segurança no abastecimento de água para consumo humano”, o que incluiu, nomeadamente, “o incremento do processo analítico” na albufeira do Cabril e principais afluentes e nas captações de Castelo de Bode.

“Além dos parâmetros que regularmente são monitorizados pela EPAL, foram analisados os parâmetros que estão referenciados na literatura como potenciais poluidores de massas de água com origem em fogos florestais”, acrescenta.

Em relação a estes, os resultados “não apresentam alterações relativamente ao histórico, quer na captação do Cabril, quer na captação de Castelo de Bode”, afirma a nota, sublinhando que “não foi assim necessário proceder a ajustamentos nos sistemas de tratamento nas ETA”.