No dia em que passam três anos sobre a morte de Mário Soares, antigo Primeiro-Ministro e Presidente da República, Basílio Horta na sua página de facebook, escreveu um texto sobre um dos grandes estadistas portugueses, que “lutou por um mundo feito de homens livres e de pátrias democráticas”, considerando que “Portugal está afetivamente de luto.”
“Há homens que são História.
É o caso do Dr. Mário Soares, cuja vida de ação e de ideais, de combate aos totalitarismos e de luta pela igualdade e pela democracia, o elevam aos Anais da História de Portugal e do Mundo.
De facto, desapareceu uma das personalidades mais marcantes da nossa contemporaneidade. Um forte opositor ao regime do Estado Novo, que o levou à prisão política e ao exílio. E quando em 25 Abril de 1974 se devolveu o país aos cidadãos, foi a par de outras figuras marcantes, um dos políticos que mais contribuiu para a estabilização da democracia e das liberdades entre nós, num quadro de economia de mercado, progresso e crescimento, sem descurar a justiça social e a igualdade, matriz da corrente social democrata que o PS desde sempre encarnou em Portugal.
Homem de grande lucidez, com uma vasta cultura e uma larga capacidade mobilizadora, foi o rosto de grandes causas e de momentos marcantes para Portugal, para a Europa e para o Mundo.
Com ele integrei o II Governo Constitucional, e mais tarde convivi no governo do Bloco Central. Apesar de militarmos em partidos diferentes, soubemos ultrapassar as nossas diferenças ideológicas e colocar, em primeiro plano, o interesse nacional. Em 1991, defrontamo-nos para as eleições presidenciais tendo o debate sido intenso e por vezes excessivamente duro. As circunstâncias em que o mesmo decorreu justificam a sua intensidade e dureza.
Com o falecimento do Dr. Mário Soares, Portugal e a Europa perdem uma das suas grandes referências históricas e políticas. Um dos vultos que mais lutou por um mundo feito de homens livres e de pátrias democráticas.
Aos seus filhos, Isabel e João Soares, e a toda a sua Família, os meus mais sinceros pêsames e um sentido e solidário abraço nesta hora de dor. Neste momento, quero manifestar a minha mais profunda tristeza por um homem que para mim foi simultaneamente inspirador, adversário e fundamentalmente amigo.
Portugal está afetivamente de luto.”
[Basílio Horta, 7 de janeiro de 2020]