José do Nascimento | Horas de Ponta

Opinião

São inevitáveis os transtornos nas horas de ponta, muito especialmente nos grandes centros urbanos, na altura o tráfego automobilizado, parece querer afluir todo à mesma hora, mas há locais em que a hora de ponta atinge também o cidadão que escolheu o modo pedonal para a sua deslocação e não implica que isso aconteça só em grandes centros urbanos e o exemplo que aqui se deixa é a Volta do Duche em Sintra, que em pleno Verão, devido à pressão turística, chegam a verificar-se engarrafamentos de peões, logicamente bem mais pacíficos que os engarrafamentos rodoviários.

Na vertente do trânsito rodoviário, Sintra não escapa aos incómodos das horas de ponta, principalmente nos aglomerados populacionais mais densos e principalmente aqueles que têm o IC 19 como o primeiro destino. A título de exemplo poder-se-á destacar os casos das cidades de Queluz e de Cacém.

A sede do concelho de Sintra, quase que se pode afirmar não apresenta um grande aglomerado urbano, podendo a Portela apresentar-se como a excepção, mas não se pode, nem de perto, nem de longe, comparar às urbes do concelho que vão ladeando a via férrea até Queluz.

As entradas em Sintra para o tráfego que vem do litoral onde Colares é referência e do Norte, subindo a Avenida Da Aviação Portuguesa, a determinadas horas passam dificuldades de escoamento de trânsito e a maioria destes dois fluxos, vai dar à Portela, bairro que nasceu como local eminentemente dormitório, com as suas estruturas bem adequadas para o efeito.

Com o passar do tempo e com a saturação das instalações de diversos serviços públicos, começaram estes a ser transferidos paulatinamente para a Portela, provocando um aumento de trânsito e novas necessidades de estacionamento, tudo isto mantendo as estruturas do bairro intactas, logo não adequadas à nova vida que impuseram ao bairro, sendo que, as alterações dos anos 90 do passado século, poderiam ter conhecido melhores soluções.

Retomando o fio da meada, nas horas críticas, chegam à zona Nascente da Estefânia, Avenida Heliodóro Salgado, dois fluxos de trânsito principais, o que chega dos lados de Colares, que em Março de 2018 deixou de ter a alternativa da Estrada Velha de Colares, e o que chega de Lourel. Se um outro veículo pode tentar ficar-se por ali, a esmagadora maioria desce a Desidério Cambornac até à rotunda e aí, os dois fluxos, transformados num só, divide-se pelo que se dirige à Portela e o que segue em frente em direcção do Tribunal.

Portela de Sintra

O que segue para a Portela, junta-se à maior fatia do trânsito que provém dos lados da Cavaleira e juntos chegam aquela que se transformou numa das principais entradas em Sintra, uma estreita artéria pomposamente chamada de avenida sob o nome de Álvaro de Vasconcelos, artéria essa que recebe um novo fluxo de trânsito, tanto local como proveniente de Ouressa/Mem-Martins.

Só a partir do edifício da DU da Câmara Municipal de Sintra, os quatro fluxos de trânsito, transformados num só, começa a dispersar-se, o que por ali fica, que parece ser a minoria, e os que procuram outros destinos, mas que não tiveram outra possibilidade que usar a Portela como ponto de passagem. A situação neste local melhora consideravelmente, quando ali é colocado um elemento policial a substituir o semáforo, logo após o túnel, e que costuma dar as boas vindas aos automobilistas que aparecem do lado do interface.

Parece que definitivamente, os transtornos da hora de ponta na Portela, se não poderiam ser totalmente evitados, mas poderiam ter sido minimizados, se se tivesse optado por outra solução alternativa a esta entrada em Sintra, eleita como uma das principais.

Há algo que parece evidente, a entrada em Sintra pela Portela, passa por ser, numa percentagem bastante elevada, como um itinerário de saída, logo, muito mais um itinerário de passagem que um destino.

Duas notas adicionais: o trânsito que vem do litoral sintrense e não se destina a Sintra, tem a opção de entrar por Lourel, mas aí, em determinadas horas, o fluxo proveniente da zona de Cabriz, começa a formar fila em frente ao portão da Quinta do Riba Fria. Depois arrancar e parar ao ritmo ordenado pelo semáforo colocado à entrada de Lourel

A segunda nota é para referir que durante o dia, é sempre uma aventura atravessar a Terrugem, que parece estar em permanente hora de ponta.

Boas horas de ponta!

José do Nascimento