Os utentes dos transportes públicos de Lisboa aplaudem a redução dos preços dos passes, embora destaquem a falta de comboios e de barcos e a degradação do metro, por falta de investimento.

Cecília Sales, da Comissão de Utentes de Transportes de Lisboa, considerou que o passe único em vigor desde 1 de abril foi uma excelente medida, que não é acompanhada pela qualidade e pela frequência dos transportes, devido ao desinvestimento dos últimos anos.

“A Linha de Sintra tem não sei quantas supressões por dia. O que acontece é que os comboios, os barcos, o Metro, a Carris, etc., todos esses meios de transporte não tiveram investimento suficiente”, afirmou à LUSA.

O movimento, que será anfitrião de um encontro de comissões de utentes no dia 8 de junho, para em conjunto analisarem esta questão, considerou que se avançou com “uma medida muito positiva”, sem preparar as estruturas de transportes, faltando pessoal e carruagens.

Neste sentido, José Encarnação, da Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Barreiro (CUSPAS), destacou que, nos últimos anos, não foi gasta verba alguma na manutenção das embarcações da Soflusa, empresa que realiza a travessia fluvial entre o Barreiro e Lisboa, e onde nos últimos meses tem existido supressão de carreiras, apesar do aumento de passageiros.

“Tudo se foi somando, agravando, o problema já vem de trás. A questão é que, anos a fio, não foram tomadas medidas de manutenção”, salientou à LUSA.

Para José Encarnação, o problema irá agravar-se agora, porque, com os novos passes, “o número de pessoas à procura dos transportes fluviais passou para o dobro”.

“Até março deste ano era de até 2% ou 3% e neste momento está nos 7%”, disse.

Pelo seu lado, a Comissão de Defesa da Linha do Oeste (CDPLO) saudou o facto de “finalmente” ter sido acordada a redução do preço dos passes na ferrovia para os utentes da região, que no dia 1 de junho beneficiam de um desconto de 30% nas ligações a Lisboa.

José Rui Raposo, porta-voz da CDPLO, sublinhou em declarações à LUSA, também a importância do reforço do número de composições a circular na linha que liga Lisboa a Coimbra e Figueira da Foz, onde se verifica “a falta de composições e com a supressão de horárias durante o dia”, sobretudo de manhã e ao final do dia, e com o recurso à “utilização de autocarros” para assegurar os percursos.

Porém, “os autocarros não estão a respeitar os itinerários que correspondem às estações onde os comboios param”, deixando passageiros em terra, denunciou.