O segundo piso do emblemático Palácio da Quinta da Regaleira vai ser reaberto este verão depois das obras de restauro.
As nove salas e as escadas de acesso ao segundo piso do Palácio da Quinta da Regaleira estão a ser alvo de restauro. O espaço vai ser reaberto este verão e os visitantes vão poder disfrutar desta nova zona, onde vão poder conhecer a sala Lusíada, com pormenores de pedra esculpida e frescos alusivos a passagens de Os Lusíadas de Luís de Camões.
O restauro de todos os interiores envolve também as caixilharias, janelas e portadas em madeira.
Esta intervenção de valorização e recuperação do património da Regaleira, implicou um investimento de cerca de 170 mil euros, que engloba ainda a colocação de calçada no largo fronteiriço ao Palácio e zona envolvente à Capela, acabando assim com o piso em terra.
A Quinta da Regaleira recebeu, em 2018, 1 milhão de visitantes o que reflete o crescimento continuado registado nos últimos anos.
Em 2015 a Quinta da Regaleira recebeu 500 mil visitas, tendo por isso duplicado, em 3 anos, os seus visitantes.
A média diária de visitantes este ano é de 2.940, quando em 2015 foi de 1.376.
Basílio Horta, presidente da Câmara Municipal de Sintra, destacou o trabalho realizado nos últimos anos pela Fundação Cultursintra, na qual assume a presidência do conselho diretivo, “na conservação deste emblemático espaço e no contínuo melhoramento das condições de acolhimento dos visitantes”.
“Este é um espaço único onde a História, a Cultura e a Natureza se juntam em perfeita simbiose num só”, sublinhou o presidente da Câmara Municipal e Sintra.
QUINTA DA REGALEIRA
A Quinta da Regaleira constitui um dos mais surpreendentes monumentos da Serra de Sintra. Situada no termo do centro histórico da Vila, foi construída entre 1904 e 1910, no derradeiro período da monarquia.
Os domínios românticos outrora pertencentes à Viscondessa da Regaleira, foram adquiridos e ampliados pelo Dr. António Augusto Carvalho Monteiro (1848-1920) para fundar o seu lugar de eleição.
Detentor de uma fortuna prodigiosa, que lhe valeu a alcunha de Monteiro dos Milhões, associou ao seu singular projeto de arquitetura e paisagem o génio criativo do arquiteto e cenógrafo italiano Luigi Manini (1848-1936) bem como a mestria dos escultores, canteiros e entalhadores que com este haviam trabalhado no Palace Hotel do Buçaco.
Homem de espírito científico, vastíssima cultura e rara sensibilidade, bibliófilo notável, colecionador criterioso e grande filantropo, deixou impresso neste livro de pedra a visão de uma cosmologia, síntese de memória espiritual da humanidade, cujas raízes mergulham na Tradição Mítica Lusa e Universal. A arquitetura e a arte do palácio, capela e demais construções foram cenicamente concebidas no contexto de um jardim edénico, salientando-se a predominância dos estilos neo-manuelino e renascentista.
O jardim, representação do microcosmo, é revelado pela sucessão de lugares imbuídos de magia e mistério. O paraíso é materializado em coexistência com um inferius – um dantesco mundo subterrâneo – ao qual o neófito seria conduzido pelo fio de Ariadne da iniciação.
Concretiza-se, com estes cenários, a representação de uma viagem iniciática, qual vera peregrinatio mundi, por um jardim simbólico onde podemos sentir a Harmonia das Esferas e perscrutar o alinhamento de uma ascese de consciência que viaja pelas grandes epopeias. Nele se vislumbram referências à mitologia, ao Olimpo, a Virgílio, a Dante, a Camões, à missão templária da Ordem de Cristo, a grandes místicos e taumaturgos, aos enigmas da Arte Real, à Magna Obra Alquímica. Nesta sinfonia de pedra revela-se a dimensão poética e profética de uma Mansão Filosofal Lusa. Aqui se fundem o Céu e a Terra numa realidade sensível, a mesma que presidiu à teoria do Belo, da Arquitetura e da Música, que a concha acústica do Terraço dos Mundos Celestes permite propagar pelo infinito.