O antigo pavilhão do Japão na Exposição Mundial de Lisboa, em 1998, cedido pela Câmara de Sintra para instalação de um centro da cultura nipónica, vai afinal ser demolido devido à inviabilidade do projecto, anunciou fonte da autarquia.
O presidente da câmara, Basílio Horta, disse esta quarta-feira que o antigo pavilhão do Japão na Expo 98, que se encontra muito degradado, “vai ser demolido” no âmbito de um projecto de “requalificação de todo o Parque da Liberdade”.
“Para o pavilhão do Japão havia um interessado, mas que desistiu porque é um investimento muito grande, as infra-estruturas são muito complicadas e representam um investimento enorme, por isso mais vale demolir”, explicou o autarca.
O município aprovou, em maio de 2015, a cedência do pavilhão abandonado para a instalação de um centro cultural destinado a homenagear o mestre de judo Kiyoshi Kobayashi.
Pavilhão do Japão na Expo98, doado ao município de Sintra
O projeto, de acordo com a proposta do presidente da autarquia, então aprovada pelo executivo, visava criar um “polo adicional de interesse turístico e cultural na vila de Sintra” e “um fórum de reflexão e debate para o desenvolvimento das relações culturais e das práticas desportivas japonesas”.
O pavilhão do Japão na Expo98, doado ao município de Sintra, foi inaugurado no concelho de Sintra em dezembro de 1999, no antigo campo de ténis do Parque da Liberdade, na Volta do Duche, mas o “teatro virtual” funcionou apenas quatro anos.
O sistema de “visão mágica”, que recriava o primeiro encontro entre japoneses e portugueses, através de figuras estáticas e da projeção de hologramas, avariou e os elevados custos para a reparação ditaram o desmantelamento do equipamento em 2007.
A cedência do edifício que albergou o teatro virtual, o jardim anexo e uma arrecadação, por 20 anos, à Associação Centro Cultural Kobayashi, previa a recuperação do pavilhão, num investimento estimado de 300 mil euros, para instalar um centro cultural, com restaurante e esplanada.
(…) “Para o pavilhão do Japão havia um interessado, mas que desistiu porque é um investimento muito grande, as infra-estruturas são muito complicadas e representam um investimento enorme, por isso mais vale demolir” — Basílio Horta
Na reunião privada do executivo municipal de terça-feira foi aprovada uma proposta do presidente da autarquia para “a resolução” do protocolo com a associação, que concordou em devolver o imóvel, uma vez que “até à data não foi possível desenvolver o projeto pretendido para o local, devido a vicissitudes várias”.
O autarca admitiu que, entre as dificuldades para concretizar o projeto, tenham estado “motivos financeiros e das infraestruturas”, pela necessidade “de se levar a eletricidade e o saneamento, o que é muito complicado e muito oneroso”.
“A requalificação do Parque da Liberdade tem dois eixos: a reabilitação arbórea e vegetal, que é com a Parques de Sintra-Monte da Lua, e do edificado, que é connosco. Vamos aproveitar o ringue, uma estufa grande e algumas casas para apoio dos jardineiros”, adiantou Basílio Horta.
O projeto deverá ainda prever a recuperação de algumas estruturas para um equipamento de restauração, acrescentou.
A câmara ainda avaliou a reparação do sistema de “visão mágica” do pavilhão, mas um orçamento pedido pela Jetro-Organização Oficial do Comércio Externo do Japão (dadora do imóvel ao município) à empresa japonesa que instalou o teatro ascendia a 76 mil euros, enquanto uma empresa especializada portuguesa alertou que o “sistema informático de automação” estava “há muito desatualizado”.
O teatro virtual do pavilhão japonês exibido na Expo98, com duração de oito minutos, mostrava a maqueta de uma aldeia piscatória onde, segundo a narrava do missionário jesuíta Luís Fróis, terá ocorrido o primeiro encontro entre o Japão e o Ocidente.
- Lusa