Dirigentes da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans) mostraram-se hoje “um pouco céticos” quanto a um possível acordo sobre aumentos salariais na Scotturb, empresa transportadora de passageiros nos concelhos de Cascais, Oeiras e Sintra.
“Vamos ter a liberalização da concorrência na atribuição das concessões e, portanto, o que a Scotturb está a tentar fazer na negociação é embaratecer os custos com salários o mais que puder, no sentido de se ver livre dos concorrentes que aparecerem para explorar essas concessões, particularmente na zona de Cascais”, afirmou Fernando Fidalgo.
O dirigente da Fectrans, que falava à Lusa após mais uma reunião com a administração da Scotturb, na Adroana, concelho de Cascais, explicou que as propostas da empresa “prejudicam claramente a capacidade de ganho dos trabalhadores” e “não se perspetiva qualquer hipótese de acordo”.
“Vamos ver qual a evolução, mas estamos um pouco céticos”, frisou.
O representante da Fectrans, afeta à CGTP-IN, revelou que a proposta de atualização salarial para 2019, “com base no que tem sido os resultados obtidos no setor de passageiros”, apresentada à Scotturb é de 3,46%, quando a negociação com a associação patronal que integra a empresa está em “cerca de 3,8%”.
A transportadora, com cerca de 390 trabalhadores, dos quais 260 motoristas, também quer “alterar a organização dos tempos de trabalho”, em particular o intervalo de refeição, bem como o regime de agente único, o que leva a Fectrans a reclamar uma compensação adicional de 45 euros por trabalhador.
Segundo uma simulação efetuada pela organização sindical, com a atual proposta da empresa os trabalhadores arriscariam receber menos cerca de 239 euros do que atualmente auferem.
As negociações com a Scotturb vão, por isso, prosseguir em março.
A administração da empresa transportadora não quis prestar declarações à Lusa acerca do processo negocial em curso.