Foi a 9 de Janeiro de 1154, D. Afonso Henriques outorgou a Carta de Foral a Sintra, onde se lê no preâmbulo e doação: “a vós que habitais em Sintra da classe superior ou da inferior e de qualquer ordem que sejais, e a vossos filhos e descendentes, carta irrevogável de direito, estabilidade e serviço (…)”.

Um tempo difícil, de recuperação e regeneração das populações, depois de uma Tomada de Lisboa em 1147, com mortandade significativa das populações locais moçárabes, pelos exércitos de Afonso I de Portugal, acompanhados por numerosos cruzados, Sintra, isolada, entregou-se sem luta, como se pode ler no texto atribuído ao cruzado Osberno: “Tomada a cidade [de Lisboa] após dezassete semanas de cerco, os de Sintra entregaram-se ao rei, depois de rendida a guarnição do seu castelo”.

A Carta de Foral, no seu articulado, é muito interessante e vislumbramos, sobretudo, um tempo de guerra. Aliás a leitura devia-se fazer nas nossas escolas em Sintra:

  • “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo ámen. Aprouve-me a mim, Afonso, Rei Portucalense, filho do Conde Henrique e da Rainha Teresa, e neto do Rei Afonso o Grande, e à minha mulher, Rainha Mafalda, filha do Conde Amadeu, dar-vos a vós que habitais em Sintra, da classe superior ou da inferior, e de qualquer ordem que sejais, e a vossos filhos e descendentes, carta irrevogável, de direito, estabilidade e serviço. (…)”
Carta do Foral de Sintra, datada de 9 de Janeiro de 1154 | Arquivo Nacional da Torre do Tombo [Traslado do foral, requerido pelos oficiais e homens-bons da vila de Cascais (?) a D.Afonso V, datado de 1472]. O texto encontra-se, em parte, apagado.
Cota atual: Feitos da Coroa, Núcleo Antigo 347 | Cota antiga: Forais antigos, mç. 1, n.º 11

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Fotografia: DR PSML || Carta do Foral de Sintra: Arquivo Nacional da Torre do Combo