Ana Isabel Valente | O Lixo do Nosso Descontentamento

Opinião

É com preocupação que o PSD de Sintra vê o estado em que se encontra a higiene urbana no nosso Concelho. São inúmeros os locais em que o lixo se amontoa junto aos contentores já completamente cheios.

Por todo o Concelho o lixo amontoado e não acondicionado, bem como os monos que não são removidos atempadamente, são uma constante.

Os munícipes queixam-se, com razão, do estado em que o Sintra se encontra por falta de higiene urbana, que tem todas as potencialidades de se tornar num problema de saúde pública pois, de entre outros problemas, o lixo atrai ratos e baratas que põem em causa pessoas e habitações.

E não se venha dizer, como faz o Executivo Camarário, que o problema do lixo não é específico de Sintra e que muitos concelhos limítrofes e não só, são igualmente afetados. Nem se tente transferir a origem desta questão para o comportamento dos munícipes que consomem mais, produzem por isso mais lixo e não o acondicionam devidamente.
O PSD de Sintra não aceita de forma nenhuma esta justificação!

Não Senhor Presidente da Câmara; a culpa não é dos munícipes. Os munícipes estão cada vez mais conscientes da necessidade de reciclar os lixos e cada vez mais sensíveis às questões ambientais. Não foram, por isso, os sintrenses que mudaram de repente a sua atitude.

O problema não está nos munícipes, por muito que o Executivo da Câmara o tente empurrar, nem está na alegada maior quantidade de lixo produzida por via do também alegado maior bem-estar social.

(…) “Nem se tente transferir a origem desta questão para o comportamento dos munícipes que consomem mais, produzem por isso mais lixo e não o acondicionam devidamente. O PSD de Sintra não aceita de forma nenhuma esta justificação” (…)

Aliás, sobre este falível argumento, basta fazer contas pegando nos números oficiais. Olhando para o Relatório e Contas de 2017 da Tratolixo, E.I.M., S.A., entidade responsável pelo tratamento dos lixos recolhidos em Sintra, é verdade que a quantidade total de resíduos provenientes deste concelho que entraram no sistema aumentou 5,1%, nesse ano, ou seja, representou um acréscimo de 8300 toneladas, num total de 170.497.

Mas este aumento justificará o caos em que se encontra a recolha de lixo no concelho de Sintra? Não nos parece. Segundo os dados remetidos à ERSAR pelos SMAS de Sintra relativos a 2017, existem em Sintra 6746 contentores para resíduos indiferenciados e mais 4713 contentores para recolha seletiva – 1571 Ecopontos x 3 (papel, vidro e embalagens) – num total de 11459 contentores.

Tal significa que o incremento da produção de resíduos em 2017 face ao ano anterior, significou, em média, a deposição de cerca de mais 2Kg por dia em cada contentor (8300t / 11459 contentores / 365 dias).

Mais, relativamente a 2018 e pegando nos números disponíveis até Julho, extrapolando para o ano inteiro, poderemos mesmo admitir, com um elevado grau de probabilidade, que o total de resíduos que entrarão no sistema, serão inferiores aos de 2017.

Assim, a questão deve ser balizada na comparação de dois modelos de recolha, espelhadas nas opções políticas tomadas pelo Executivo Camarário no mandato anterior, apesar dos avisos que os vereadores do PSD não se cansaram de repetir.

(…) “O ponto em que se encontra a recolha do lixo no concelho de Sintra neste momento resulta pois da pura teimosia ideológica que vingou, associada a um populismo fácil, que se sobrepuseram aos superiores interesses dos munícipes”

O cerne do problema está na internalização da recolha nos SMAS, pela qual o Executivo da Câmara optou, em vez de manter a externalização desse serviço, incrementando a fiscalização do mesmo e lançando um novo concurso público internacional que permitisse submeter novamente ao mercado o valor dos serviços prestados pela recolha, posição defendida pelos nossos vereadores.

O ponto em que se encontra a recolha do lixo no concelho de Sintra neste momento resulta pois da pura teimosia ideológica que vingou, associada a um populismo fácil, que se sobrepuseram aos superiores interesses dos munícipes.

A opção de internalizar acabou assim por se concretizar, sem o adequado estudo logístico e financeiro, apesar do voto contra dos vereadores do PSD em Reunião de Câmara, com o voto favorável de todos os outros partidos e movimentos: Partido Socialista, Coligação Democrática Unitária e Sintrenses com Marco Almeida.

Quanto já está a custar ao município esta atabalhoada opção política? Quais sãos os recursos contratados face ao inicialmente anunciado para agora se tentar resolver o problema?

Está à vista de todos que esta opção precipitada não resultou, mesmo com o reforço da fiscalização que é agora apregoada. Como certo é, que poupanças não trará nenhumas e eficiência na recolha também não.

Tendo em conta todos os factos expostos, o PSD de Sintra exige uma rápida resolução do problema, o qual vai crescendo ao ritmo com que o lixo se amontoa.

O PSD está ainda disponível para auxiliar o executivo camarário a reavaliar novamente a questão desde que de forma descomprometida de cunhos ideológicos, imbuído na missão de proporciona melhor qualidade de vida aos munícipes de Sintra.

Ana Isabel Valente, Presidente da Concelhia do PSD Sintra