Prémio António Champalimaud de Visão 2018 distingue primeira terapia genética a conseguir curar uma doença humana hereditária.

O prémio foi atribuído ao investigador norte-americano Michael Redmond, que descobriu uma terapia genética para a amaurose congénita de Leber, uma forma de cegueira infantil, e à equipa que a desenvolveu, formada por Jean Bennett, Albert Maguire, Robin Ali, James Bainbridge, Samuel Jacobson e William Hauswirth.

Conforme referiu Leonor Beleza, Presidente da Fundação Champalimaud, o prémio deste ano “reconhece a ciência subjacente a todas as etapas da descoberta e processo de transferência de conhecimento, desde as descobertas científicas básicas iniciais até aos desenvolvimentos terapêuticos que têm uma enorme repercussão na vida dos doentes. O profundo impacto das suas descobertas continuará a sentir-se nos próximos anos.”

(…) O profundo impacto das suas descobertas continuará a sentir-se nos próximos anos” — Leonor Beleza

É a primeira vez que uma terapia genética consegue curar uma doença hereditária. Nesse sentido, esta é uma conquista revolucionária da medicina, que abre caminho a novos tratamentos de condições genéticas.

O trabalho dos investigadores premiados baseou-se na clonagem prévia do gene RPE65 por Michael Redmond e pelo reconhecimento do papel crítico deste gene no metabolismo da vitamina A para a visão.

Os vencedores do Prémio António Champalimaud de Visão 2018 que alargaram as fronteiras da medicina atual são:

Jean Bennett, M.D. Ph.D. e Albert M. Maguire, M.D.; Scheie Eye Institute, University of Pennsylvania School of Medicine and Children’s Hospital of Philadelphia.

Robin Ali, Ph.D. e James Bainbridge M.D., Ph.D.; Institute of Ophthalmology of the University College London and Moorfields Eye Hospital.

Samuel G. Jacobson, M.D., Ph.D. e William W. Hauswirth, Ph.D.; Scheie Eye Institute, University of Pennsylvania School of Medicine and University of Florida College of Medicine.

Michael Redmond, Ph.D.; National Eye Institute, U. S. National Institutes of Health.

Segundo a organização, a descoberta constitui a primeira terapia genética que consegue curar uma doença hereditária e abre caminho para o desenvolvimento de terapias genéticas para tratamento de doenças hereditárias.

O trabalho baseou-se na clonagem de um gene e pelo reconhecimento do seu papel no metabolismo da vitamina A para a visão. Essa clonagem permitiu a reposição do gene no olho, o que restaura a visão.

A cerimónia presidida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa e na presença de convidados nacionais e estrangeiros e da família de António Champalimaud, decorreu esta terça-feira, dia 4 de setembro, na presença de grupos de investigação vencedores do Prémio António Champalimaud de Visão 2018.

O júri integra cientistas e personalidades internacionais, tendo, este ano, sido composto pelo Nobel da Medicina em 1987, Susumu Tonegawa, pelo presidente da Academia Internacional de Oftalmologia, Gullapalli Rao, o diretor do Instituto norte-americano dos Olhos, Paul Sieving, os oftalmologistas Alfred Sommer e José Cunha-Vaz, os neurocientistas Carla Shatz e Mark Bear, o neurologista Joshua Sanes, o ex-presidente da Comissão Europeia Jacques Delors, a ativista dos direitos humanos moçambicana Graça Machel e o economista Armatya Sem.