José do Nascimento | Revolução no Centro Histórico

(...) Apesar dos senões que poderiam ter sido evitados e da ainda não correcção de alguns erros, recomenda-se ir à Vila-Velha, em modo pedestre, o modo a que dou primazia" (...)

Passados mais de 20 anos, finalmente se procedeu ao que muitos advogavam ainda antes do final do milénio. Restringiu-se ao máximo possível o trânsito automóvel na Vila Velha.

Óptima ideia, só que o povo diz que não há bela sem senão e em Sintra fez-se jus ao ditado. Começou-se a obra pelo telhado. Os alicerces, que no caso passariam pela existência de parques periféricos servidos por uma eficaz rede de transportes, simplesmente não existem, o que, na minha opinião, retira méritos significativos à iniciativa, pondo-a em nota negativa.

É também minha opinião que, salvo emergências, nunca se deve proceder a testes em pleno período crítico, mas sim em época mais calma para que também com mais calma se possam corrigir possíveis erros.

Centro Histórico de Sintra | Foto: José do Nascimento

Sintra esperou que viesse o crítico período Pascal para testar as novas medidas que alteraram drasticamente o trânsito no Centro Histórico que teve alguns custos, assistiu-se a cenas caricatas de desentendimento entre as diversas autoridades envolvidas no processo. Critérios que nunca seriam os meus!

A geografia urbana de Sintra é bem complicada o que veio criar algumas limitações e transtornos aos utentes das vias da zona como é, por exemplo, um veículo de um não residente, logo não merecedor de autorização especial, ao entrar em Sintra pela zona da Fonte da Sabuga, acaba por só ter saída pela Pena ou por Colares, situação quase imoral, mas que face à dita geografia, não será fácil debelar o evidente transtorno.

Parece mesmo imoral é a obrigatoriedade de que um utente do parque de estacionamento do Rio do Porto não possa aceder ao largo Dr. Virgílio Horta e se veja obrigado a descer à Ribeira de Sintra com uma significativa parte desse trânsito a regressar a Sintra. No referido largo Dr. Virgílio Horta construiu-se uma rotunda que com a proibição do fluxo vindo do Rio do Porto serve só dois fluxos de trânsito, o que vem da Volta do Duche e o que flui da rua Alfredo Costa, tornando a rotunda inútil e menos eficaz que a situação que antes se verificava.

Também não faz sentido a alteração verificada na rua João de Deus obrigando a quem desce a rua André Albuquerque desviar-se para a rua Vasco Vidal numa curva em cotovelo, bem apertada com os veículos de maiores dimensões a se verem obrigados a mais de uma manobra. A alternativa é voltarem ao largo do Morais.

A história, feita da experiência de anos, diz que nem o acesso do Rio do Porto à Estefânia nem a rua João de Deus alguma vez constituíram problemas de trânsito. Nestas duas artérias os problemas começaram com as alterações.

Apesar dos senões que poderiam ter sido evitados e da ainda não correcção de alguns erros, recomenda-se ir à Vila-Velha, em modo pedestre, o modo a que dou primazia, e poder disfrutar de todo aquele espaço deslumbrante que é o Centro Histórico, levando-me a memória ao que o vivi há 60 anos.

José do Nascimento