Basílio Horta lembra António Arnaut como “um homem dedicado ao bem público”

"Foi ele que nos salvou de um grande ensaio de pancada, que seguramente levaríamos”, contou Basílio Horta.

O antigo ministro do Comércio e Turismo Basílio Horta recordou hoje António Arnaut como “um homem dedicado ao bem público”, ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) e à liberdade.

“Estou muito triste pelo António Arnaut, era uma pessoa que estimava muito, há muitos anos”, disse à agência Lusa o atual presidente da Câmara de Sintra, reagindo à morte do histórico militante socialista.

O autarca eleito pelo PS integrou, em 1978, o II Governo Constitucional, liderado por Mário Soares, e frisou que António Arnaut “dizia muitas vezes que o Serviço Nacional de Saúde foi aprovado pelo PS e pelo CDS”.

“Recordo um homem dedicado ao bem público, um homem fiel aos seus princípios ideológicos, que não eram os meus, mas encontrávamo-nos na defesa do bem público, quando foi a votação do Serviço Nacional de Saúde, que tive a honra de votar ao lado dele, com Rui Pena e Vítor Sá Machado, e depois era um amante da liberdade”, afirmou.

Basílio Horta lembrou, a propósito, que “no verão de 1974”, enquanto fundador do CDS, participou num comício em Loulé, com Adelino Amaro da Costa e com o presidente da JC [Juventude Centrista] na altura, num ringue de patinagem, e o ringue foi invadido por um conjunto de pessoas de extrema esquerda.

“Pretendiam expulsar-nos violentamente de Loulé, interromper o comício, e foi ele, que estava de férias naquela zona, que se levantou, se interpôs entre o palco e as pessoas, levantou os braços e disse ‘não é para isto que fizemos o 25 de Abril’. Foi ele que nos salvou de um grande ensaio de pancada, que seguramente levaríamos”, contou Basílio Horta.

Para Basílio Horta, apesar do desaparecimento de António Arnaut, o SNS “tem outros defensores, não só por interesses ideológicos, mas também pelo interesse coletivo”.

“Em Sintra temos pago o Serviço Nacional de Saúde com o dinheiro dos nossos contribuintes, o hospital que vamos construir não é mais do que isso, os centros de saúde, a VMER [Viatura Médica de Emergência e Reanimação] que conseguimos, tudo isso é construir o Serviço Nacional de Saúde”, vincou.

António Arnaut, advogado, nasceu na Cumeeira, Penela, distrito de Coimbra, em 28 de janeiro de 1936, e estava internado nos hospitais da Universidade de Coimbra.

Presidente honorário do PS desde 2016, António Arnaut foi ministro dos Assuntos Sociais no II Governo Constitucional, Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano e foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade e com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.

Poeta e escritor, António Arnaut envolveu-se desde jovem na oposição ao Estado Novo e participou na comissão distrital de Coimbra da candidatura presidencial de Humberto Delgado.