Um grupo de comerciantes e moradores no centro histórico de Sintra interpôs uma providência cautelar para travar alterações à circulação automóvel, a partir de 26 de março, com sentidos únicos na Volta do Duche e na Estrada de Monserrate.
“O objetivo é que a alteração da circulação viária no centro histórico, com a qual não concordamos, porque está cheia de constrangimentos e de falhas, não seja efetivamente posta em prática”, explicou à Lusa Madalena Rilhas.
A comerciante na vila revelou que foi entregue hoje, no Tribunal Administrativo e Fiscal de Sintra, uma providência cautelar solicitando a suspensão imediata da alteração de sentidos de circulação no acesso ao centro histórico.
A autarquia aprovou, na reunião do executivo de 13 de março, uma proposta que “vai condicionar o acesso rodoviário à vila histórica de Sintra”, a partir das 22h00 de segunda-feira.
O tráfego passará, a partir de São Pedro, a fazer-se no sentido descendente, pela fonte da Sabuga, para quem se dirigir para a Estrada da Pena, e pelo Palácio Valenças, para quem quiser estacionar na Volta do Duche, que ficará apenas com um sentido, na direção da câmara.
Os veículos que descerem a Rua Marechal Saldanha (atualmente ascendente) podem seguir diretamente para a Estrada da Pena ou para a Rua Barbosa do Bocage, até junto da Quinta da Regaleira, também com sentido único para Monserrate.
Veículos autorizados poderão desviar junto à Quinta do Relógio, para o Caminho dos Castanhais, mas os restantes terão de seguir por Monserrate, percorrendo uma dezena de quilómetros até à Quinta da Piedade, ou 15 quilómetros até Colares, para regressar à vila por Galamares.
Um grupo de moradores e comerciantes entregou, em junho de 2015, um abaixo-assinado contra alterações na circulação rodoviária até à construção de estacionamento na periferia.
Madalena Rilhas, com uma loja de artigos turísticos, contou que “só na semana passada” a autarquia informou os comerciantes das recentes alterações.
A também moradora acrescentou que “há dois anos e meio foi posto em discussão pública um plano, muito semelhante ao atual, com ligeiras modificações, e houve um abaixo-assinado com 1.100 assinaturas contra as alterações”.
“Está à vista de qualquer pessoa que a criação de zonas de estacionamento é que ajuda a melhorar a circulação, e nada foi criado nos últimos anos, e desde há décadas”, frisou.
Para Madalena Rilhas, a solução passa pelo alargamento do estacionamento no Rio do Porto para “apoio de proximidade à vila”, porque o parque criado na Portela fica “cheio com os utentes da estação de comboios”.
António Fernandes, também comerciante, referiu que as alterações agora previstas são idênticas às do anterior plano e que a autarquia “vai começar pelo telhado”, porque primeiro muda a circulação e só depois “vai fazer as infraestruturas”.
O grupo de comerciantes e moradores, em comunicado, apontou os custos para as centenas de pessoas que trabalham na vila, que terão de passar a pagar transporte de ligação do estacionamento na Portela.
“Não fomos notificados, mas é normal se há pessoas que acham que devem meter uma providência cautelar. O que tem graça é que se calhar algumas das pessoas, senão todas, que põem a providência cautelar são as mesmas que andaram a pedir para que o trânsito saísse da vila”, comentou à Lusa Basílio Horta (PS).
O presidente da autarquia sublinhou que a “reforma do trânsito não tira um único lugar de estacionamento na vila, pelo contrário aumenta 69 lugares”, e que nos parques de estacionamento foram criados mais 1.000 lugares.
“A única coisa que está em cima da mesa é tirar o trânsito do terreiro do nosso palácio, que é o coração da vila histórica”, sublinhou Basílio Horta, assegurando que a autarquia está aberta “para ouvir as críticas” e acolherá as “que se mostrarem justas”.
O autarca argumentou que “vai haver ligação dos parques ao centro histórico, com várias carreiras, com um passe mensal com preço modesto de 20 euros”.
“Entre as 20h00 e as 08h00 o acesso ao centro histórico é aberto a todos”, pela Consiglieri Pedroso (junto ao Hotel Lawrence), adiantou.
Em relação ao sentido único na Estrada de Monserrate, a partir da Regaleira, o autarca alegou que “não podia continuar dois sentidos” numa estrada sem passeios e que será estudada uma “solução tecnológica” no futuro para os moradores.