Começou hoje [ontem] oficialmente mais um Dispositivo Especial de Combate aos Incêndio Florestais, denominado DECIF 2017.
Como todos os anos, sempre a mesma expectativa nos principais actores que protagonizam esta grande operação: será que é este ano que as ‘coisas’ entram nos eixos?
É uma interrogação de retórica, pois sabemos que com melhor ou pior cosmética haverá da parte dos principais responsáveis falta de uma coisa que não digo – porque sou bem educado -, para bater o pé à Tutela e dizer BASTA.
Todos nós sabemos porquê e não vale a pena dizê-lo, os cifrões, ou melhor, os euros, acabam sempre por falar mais alto e ditar a sentença final: faz e não bufa… Claro a Tutela sabe disso e cobardemente aproveita-se das fragilidades – por eles criadas por o acaso – e há que impor aquilo que muito bem entende e que é igual há não sei quantos anos porque o pessoal é pacífico e aguenta tudo porque precisa dos euros.
Mas não só, os senhores dirigentes e alguns colegas Comandantes precisam de agradar aos políticos do partido a que pertencem, porque se espreita sempre a possibilidade de um “taxito” e esta coisa dos Bombeiros não dura sempre tem que se acautelar o futuro, logo servem-se das posições e dos cargos que ocupam como trampolim para chegar aos tais ‘utensílios de cozinha’.
É claro que este DECIF inicia-se sobre a égide da contestação, mas só isso, que tenhamos conhecimento só os colegas de Setúbal marcaram uma posição, “ai valentes”…
Mas atenção: então e os responsáveis a quem demos o nosso voto no último congresso da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) para zelar por nós?
O sr. Presidente da LBP escreve em artigo denominado de “Ponto de Situação” com o título, “Assiste-nos o direito e a responsabilidade” no Jornal Bombeiros de Portugal. Em determinado lado do artigo, há parte de um parágrafo que passo a descrever: “E, do mesmo modo, sendo solicitado os meios de reforço para executar missões fora da área de actuação ‘própria?’ de cada corpo de Bombeiros, os mesmos os mesmos deverão ser contratualizados (!?) enquanto ‘Prestação complementar de serviço de socorro ao DECIF/DNPS’, segundo valores a ser acordados pela LBP junto da Tutela. E, conforme ficou também claramente expresso na mesma Moção, se as propostas apresentadas pela LBP não merecerem o devido enquadramento no DECIF 2017 por parte da ANPC os Bombeiros Portugueses assumirão as opções consentâneas com os seus direitos”.
Agora digo eu: pagava para ver!
Então quais serão essas opções? E agora como é senhores dirigentes da LBP? Então a ANPC pôs cá fora uma DON fora de tempo, tardia e à pressa que é uma cópia fiel das transactas sem dar cavaco a ninguém. Tanto quanto se sabia estava à espera do contributo dos parceiros e então qual é a posição? O mesmo se passou com a directiva Financeira, igualzinho à DON, sem ouvir conforme acordado a LBP e as suas federadas e zás; num estante sem que se esperasse ela ai está, e que vão os senhores fazer?
Meus amigos, se não houver uma posição drástica e inequívoca da LBP e das suas federadas será o descrédito total, nas instituições e nos Bombeiros de Portugal.
Nunca fui de desistir nem de deixar cair os braços, e, nesta réstia de tempo que me falta para terminar a minha carreira também não o farei, até porque as pessoas que protegemos estão acima de tudo, mas não irei calar a minha voz e se não houver uma posição de força para por fim a estado de coisas e pôr a ANPC no lugar, arrogar-me-ei de chamar os “bois pelos nomes” e escrever o que entendo estar mal e que prejudica os Bombeiros de Portugal até que a mão me doa.
Senhores dirigentes, cumpram o que escreveram e deixem-se de lutar por lugares de poleiro porque não poderão eternizar o que de mal estão a fazer às populações, aos Bombeiros e a Portugal.
Luís Pimentel,
Comandante dos Bombeiros Voluntários de Agualva-Cacém