Morreu, esta tarde, o escritor e jornalista Armando Baptista-Bastos.
A notícia foi dada pelo filho do próprio, através das redes sociais: “O meu Pai, Armando Baptista-Bastos, faleceu. Tinha 84 anos. Teve uma vida extraordinária, de que muito me orgulho. Amo-te muito Pai. Que Deus o acolha no seu Reino”, lê-se no perfil de Pedro Baptista-Bastos.
O autor tinha 83 anos e fez carreira em redações como a d’O Século, Seara Nova, Jornal de Notícias, Expresso ou Jornal de Negócios.
Baptista-Bastos publicou mais de uma dezena de títulos de ficção, entre os quais ‘O Secreto Adeus’ (1963), ‘Cão Velho entre Flores’ (1974), ‘O Cavalo a Tinta da China’ (1995), ‘A Colina de Cristal’ (2000) e ‘No Interior da Tua Ausência’ (2002).
Entre outros meios de comunicação social, Baptista-Bastos trabalhou nos jornais República, O Século, Diário Popular, onde, na década de 1960, manteve a rubrica semanal “Letra de Repórter”. Foi ainda fundador do semanário O Ponto, no qual “realizou uma série de 80 entrevistas que assinalaram uma renovação naquele género jornalístico e marcaram a época”, segundo a biografia disponível na página do Jornal de Negócios, onde o texto mais recente que assinou data de 03 de março.
Baptista-Bastos trabalhou também na Rádio e Televisão Portuguesa, no Rádio Clube Português, na Rádio Comercial e na RDP-Antena 1.
Jornalista desde os 19 anos, quando começou n’O Século, Baptista-Bastos estreou-se editorialmente com o ensaio ‘O Cinema na Polémica do Tempo’ (1959), a que se seguiu outro ensaio, ‘O Filme e o Realismo’ (1962). Data de 1963 a sua estreia na ficção com ‘O Secreto Adeu’.
Baptista-Bastos é autor de mais de duas dezenas de livros, entre os mais recentes cite-se “A Bolsa da Avó Palhaça”, o livro de crónicas ‘A Cara da Gente’ e ‘As Bicicletas em Setembro’.
Ao longo da carreira, o autor conquistou vários prémios, designadamente, o Prémio Literário Município de Lisboa, em 1987, pelo romance “A Colina de Cristal”, que lhe valeu também o Prémio P.E.N. Clube Português de Ficção, no ano seguinte.
Em 2002, recebeu o Prémio da Crítica do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários, pela obra ‘No Interior da Tua Ausência’. Em 2003, venceu o Grande Prémio de Crónica da Associação Portuguesa de Escritores pelo livro ‘Lisboa Contada pelos Dedos’.
Em 2006, recebeu os prémios de Crónica da Sociedade da Língua Portuguesa, João Carreira Bom, e do Clube Literário do Porto.
Nesse ano, em declarações à agência Lusa, afirmou que “a crónica, que é um compromisso entre a notícia e o conto e um produto de altíssima expressão literária, típico da imprensa escrita, está hoje arredada dos jornais”.
Na opinião de Baptista-Bastos, “os jornais estão sobretudo atentos à politiqueira e à politiquice” e têm “opinião a mais e má opinião, muito uniforme e aparentemente plural”, o que já o levou a deixar de ler alguns colunistas, “por fastio, por enfado”.
O autor, que na altura escrevia crónicas para as revistas do Montepio e a Tempo Livre, da Fundação Inatel, afirmou que, excetuando “exemplos raros, escreve-se muito mal nos jornais, que atravessam uma crise dramática e já não conseguem surpreender os leitores”.
O autor, que achava o fado “execrável”, mudou de opinião e em 1998 publicou ‘Fado Falado’, com prefácio de José Saramago e fotos de José Santos, no qual reuniu 26 conversas com pessoas do fado, entre elas Amália Rodrigues, António Rocha, Beatriz da Conceição, Argentina Santos, António Chaínho, Raul Nery, Mísia, Camané, Carlos do Carmo, Carlos Zel, Fernanda Maria, Fernando Maurício, Fontes Rocha, Frutuoso França, Gabino Ferreira, João Ferreira-Rosa, Joel Pina, Jorge Tuna, Luís Goes, Fernando Machado Soares e Mário Pacheco.
Lusa