O presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Horta, pretende que a reavaliação do abate de árvores na Serra de Sintra, programado pelo Instituto da Conservação da Natureza e Floresta (ICNF), seja realizado em conjunto com técnicos da autarquia sintrense.

“Estamos a falar de paisagem património da humanidade, quando se está a intervir nesta área tem de se ter todo o cuidado”, afirmou Basílio Horta esta manhã em reunião de Câmara. “A Câmara Municipal de Sintra não pode ficar alheada do que está acontecer, embora não tenha responsabilidade direta na matéria”, afirmou o autarca.

Basílio Horta revelou que endereçou uma carta ao ministro do Ambiente e ao ministro da Agricultura, que têm a tutela conjunta do ICNF, no sentido que o processo de reavaliação do abate de árvores seja realizado em conjunto com a Câmara de Sintra.

“Vi com agrado que vários partidos assumiram esta questão no âmbito parlamentar. Perante a ponderação que o ICNF irá realizar, vamos propor que sejam integrados dois técnicos florestais da autarquia nessa avaliação”, afirmou Basílio Horta.

O SINTRA NOTÍCIAS apurou que já no inicio da semana passada houve troca de correspondência entre o ICNF e a Câmara de Sintra sobre esta polémica. A autarquia já demonstrava muita preocupação nessa altura e não terá ficado esclarecida com as informações enviadas pelo ICNF.

O corte de árvores no Parque Natural de Sintra-Cascais foi conhecido a semana passada. Contestado por ambientalistas, tem, segundo o ICNF, como objetivo “a melhoria da segurança rodoviária” e combater o aumento de espécies invasoras.

O Partido Ecologista “Os Verdes” anunciou um pedido de audição do presidente do ICNF no parlamento, para esclarecer o abate de árvores, lamentando a visão economicista por trás da decisão. A associação ambientalista Quercus também defendeu que o corte devia ser cancelado e reavaliado, por aumentar o risco de proliferação de espécies invasoras.

Também a Alagamares – Associação Cultural, está “contra o abate de árvores em massa na Serra de Sintra” e criticou fortemente a decisão do ICNF, “estrutura que devia pugnar pela defesa da floresta” ao permitir “este desbaste anunciado”, garantindo que “tudo fará para que seja evitado, o triunfo da moto serra”.

Esta terça-feira, numa visita ao local com deputados do Bloco de Esquerda, uma responsável pelo ICNF adiantou que estava em curso um processo de retificação pelo que nem todas as árvores marcadas seria cortadas tendo mostrado disponibilidade para aceitar sugestões nesse processo.