Neste mês de Março de 2017 cumpre-se 100 anos sobre a publicação de um artigo na Revista Militar, nomeadamente, nos números 10 e 3, respectivamente, de Outubro de 1916 e Março de 1917, dos resultados finais de um grande exercício militar ocorrido na região Norte de Lisboa, concretamente, no termo de Sintra e Amadora. Exercício que foi a “prova final” de instrução das forças que rumaram a França logo de seguida, como testemunha a imagem de embarque das tropas do C.E.P. na estação de Agualva-Cacém.
O Tema Geral, seguindo a nomenclatura do artigo referido, é o de que as forças contendoras designadas por: Forças do Partido Norte em perseguição das Forças do Partido Sul que, retirando sobre Lisboa, se dispõe a oferecer resistência em linha compreendida entre Caxias, Alfragide, Luz, Lumiar e Sacavém.
O autor o tenente-coronel Ângelo Cruz e Sousa, do Estado-Maior começa por esclarecer que o artigo é Sobre um problema tático do Serviço de Saúde, em que o tempo é da maior importância, aliás como em todos os assuntos de aplicação militar, sobretudo numa atitude de movimento ofensivo. Rematando que a ofensiva militar é incompatível com a ignorância e com a hesitação.
Particularizando, para desenvolver o problema tático do Serviço de Saúde, o exercício dá o primeiro confronto, entre as forças no terreno, no dia 20 de Abril quando a guarda avançada da 6.ª Divisão do Partido do Norte, em marcha pela estrada do Sabugo – Belas – Queluz, repele em combate forças do Partido do Sul que defendiam o Desfiladeiro de Carenque.
O combate travado pela guarda avançada, para se apossar do Desfiladeiro de Carenque é violento, do qual resulta centenas de feridos de ambas as forças. A sua evacuação em segurança é, em si mesmo, um problema táctico do qual temos uma noção de como se desenvolveu pelas sucessivas ordens, quer de combate, quer de evacuação.
Por estas últimas, as de evacuação de feridos, podemos constatar a posição estratégica de retaguarda do Serviço de Saúde Militar em localidades como seja o Pendão, Belas, Idanha e Agualva, numa primeira linha; seguida de outra, mais a Norte, com Morelena, Pêro Pinheiro e Mafra bem como da utilização da via-férrea do Oeste.
Cem anos depois apenas as memórias documentais, escritas e fotográficas, nos revelam este exercício, em jeito de “Ensaio Final”, para uma estreia do Corpo Expedicionário Português [C.E.P.] no “Teatro de Guerra”, horrível, que foi a Flandres.
Rui Oliveira | Sintra Notícias