Gabriel Boavida recorda o falecimento do irmão com um “misto de emoções” um ano depois da VMER do hospital Amadora-Sintra estar em funcionamento.

“É com um misto de emoções que comemoro este primeiro ano da VMER que por lei deveria estar a 1800 metros do local onde o meu irmão teve a paragem cardíaca”, afirmou o irmão do ator José Boavida no dia em que se assinalou um ano de funcionamento da VMER. “Sinto uma alegria imensa com as vidas salvas durante este ano pela nossa VMER. Agradeço o empenho pessoal do Sr. Ministro da Saúde e sobretudo do Sr. Presidente Basílio Horta”, refere Gabriel Boavida sublinhado que acredita “que Sintra passará de município esquecido no que diz respeito à saúde a município de referência nesta área”.

Gabriel Boavida foi um dos principais protagonistas na denúncia e luta pela necessidade do hospital Amadora-Sintra ter disponível uma VMER.

O irmão, com 51 anos, morreu numa rua em Queluz, no dia 7 de janeiro do ano passado, perto das onze e meia da noite. Ficou em coma no seguimento de uma paragem cardiorrespiratória. A morte do ator levou a várias interrogações: e se em vez de ter esperado quase vinte minutos pela VMER que veio do Hospital São Francisco Xavier, no Restelo, ela tivesse vindo dali ao lado, a 1800 metros? E se a desfibrilhação, que só é possível com essas viaturas de socorro, tivesse evitado as lesões da paragem cardiorrespiratória? E se, em vez de ter dado entrada no Amadora-Sintra às 00h52, tivesse passado por aquelas portas uma hora antes? As questões levantadas pela revista Visão em janeiro de 2016 deixaram interrogações de como era possível o segundo concelho com mais população em Portugal, Sintra, não ter uma VMER no seu hospital. A verdade é que, em casos como este, todos os minutos são fundamentais.

A denúncia de Gabriel Boavida despertou consciências, alertou responsáveis e conseguiu que entre março de 2016 e dezembro de 2016 a VMER do Amadora-Sintra tenha salvo a vida a mais de 600 pessoas.

Fica no entanto uma interrogação por responder: Ninguém é responsável pelo passado?

VMER do Amadora-Sintra salvou a vida a mais de 600 pessoas

Um ano após entrar em funcionamento, a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do Hospital Amadora-Sintra tem mais saídas que a média do país e já salvou centenas de vidas.

Francisco João Velez Roxo adiantou que, entre março e dezembro de 2016, registaram-se 3039 saídas. “Acreditamos que cerca de 20% (cerca de 600) destas pessoas que receberam assistência da VMER do Amadora-Sintra teriam morrido se não a recebessem”, disse à Lusa o presidente do conselho de administração, Francisco João Velez Roxo

Esta viatura chegou ao Hospital Amadora-Sintra em março de 2016, após a polémica em torno da morte do ator José Boavida, que caiu numa rua de Queluz e teve de ser assistido pela Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do Hospital São Francisco Xavier, apesar de estar mais próximo do hospital na Amadora.

Na altura este hospital não tinha uma VMER e o presidente da Câmara Municipal, Basílio Horta, assumiu uma posição clara sobre essa polémica, que envolvia também o falecimento de uma jovem numa escola de Queluz, afirmando que não podia aceitar “que o segundo maior concelho do país não tivesse uma VMER”. “Em Sintra, durante anos, sempre que surgia uma situação que implicava acionar a VMER, apenas era possível chamar a que estava a funcionar no hospital de Cascais e no hospital Francisco Xavier”. “Esta situação era muito grave e extremamente prejudicial para o interesse dos munícipes do concelho”. Basílio Horta alertou o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, para a situação que se passava no concelho e nos dias que se seguiram, os profissionais começaram a receber formação do INEM. Passado cerca de um mês, no dia 1 de março de 2016, a VMER estava em funcionamento. Nessa altura Basílio Horta referiu a importância do momento. “Sintra foi esquecida, durante muito tempo, na área da saúde e temos de o dizer com clareza que neste momento está a ser lembrada”, notando nesse momento que a VMER “é essencial na resposta às necessidades das populações”.

VMER sai entre 10 a 13 vezes por dia, mais do que os oito a dez da média nacional

As chamadas e respetivas saídas são muito frequentes, o que leva a administração do hospital a considerar que foi uma boa aposta. “Os cinco mil euros que são gastos mensalmente com a VMER não são uma despesa, mas antes um investimento na saúde dos moradores a quem o hospital presta assistência e que ronda os 600 mil”, disse à Lusa o presidente do conselho de administração, Francisco João Velez Roxo.

Segundo este responsável, a VMER sai entre 10 a 13 vezes por dia, mais do que os oito a dez da média nacional.

Francisco João Velez Roxo adiantou que, entre março e dezembro de 2016, registaram-se 3039 saídas. “Acreditamos que cerca de 20% (600 pessoas) destas pessoas que receberam assistência da VMER do Amadora-Sintra teriam morrido se não a recebessem”, disse.

Foto de Gabriel Boavida