A construção do Hospital de Sintra é um assunto que tem dominado a vida do município de Sintra nos últimos 20 anos, desde que tal se assumiu como uma necessidade e nunca passou de uma promessa não cumprida. Constitui uma necessidade facilmente comprovável quando procedemos ao cruzamento de informação técnica ou quando temos que recorrer ao Hospital Amadora-Sintra.
A organização hospitalar obedece a planificação e pese embora a vontade política seja determinante para a sua execução, nenhuma análise burocrática mais ou menos direccionada elimina um problema real. Segundo o Plano Director Regional de Equipamentos de Saúde da ARS-LVT (2002), o Hospital Fernando da Fonseca (Hospital Amadora-Sintra) deveria servir uma população de 350 mil habitantes. Os dados do Censos de 2011 demonstram que o Hospital Fernando da Fonseca serve, neste momento, uma população estimada de 552.971 habitantes, 175.136 residentes no concelho da Amadora e 377.835 residentes no concelho de Sintra. Tal significa que se trata de um dos maiores hospitais do país em termos de população abrangida, e por isso o mesmo Plano refere que se deve construir outra unidade, em Sintra, com 350 camas, independentemente da actual existência do Hospital de Loures e do Hospital de Cascais. Completar este circuito do Serviço Nacional de Saúde é construir o Hospital de Sintra.
“A CDU e os utentes nunca desmobilizaram e tal está expresso em diversos protestos, vigílias à porta das unidades de saúde primárias, concentrações, manifestações, sendo de salientar a entrega de cerca de dez mil assinaturas no Ministério da Saúde, durante a anterior legislatura, exigindo a construção de um Hospital Público em Sintra”
Dois problemas crónicos afectam o Hospital Fernando da Fonseca: a obtenção de consultas externas e a realização de cirurgias. Da consulta dos dados disponíveis para os tempos médios de Resposta para Primeiras Consultas Hospitalares com Origem nos Cuidados de Saúde Primários – Consulta a Tempo e Horas (CTH), e apurando o número de utentes a aguardar consulta a 30/04/2016, é possível apurar o tempo médio de resposta à primeira consulta hospitalar (em dias), por especialidade e prioridades. Estes Tempos Médios de Resposta Garantido são superados no Hospital Fernando da Fonseca nas Consultas de Cardiologia, Cirurgia Pediátrica, Gastrenterologia, Neurologia, Oftalmologia, Ortopedia; Pediatria e Urologia.
Segundo dados disponibilizados pelo ACES Sintra, em Junho de 2016 estão inscritos no ACES Sintra 356.930 utentes, dos quais 93.492 são utentes sem médico de família. Do total de inscritos na área de influência da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, cerca de 20,1% não têm médico de família atribuído, apresentando o ACES de Sintra uma percentagem superior correspondente a 26,19%.
Consultando ainda a mesma fonte (ACES Sintra – Junho de 2016), o concelho de Sintra dispõe de 146 médicos, estando em falta 46 médicos de família, enquanto que o número de enfermeiros no ativo corresponde a 228, estando em falta 32. No que concerne aos assistentes técnicos, estão colocados 132, estando em falta 77.
O problema é real e só pode ser curado através de uma vacina e nunca através de simples paliativos: a vacina é o Hospital. Por isso, durante as últimas duas décadas, a CDU e a população do concelho de Sintra assumiram que a construção de um hospital deveria ser prioritária na política do Ministério da Saúde, porque tal é uma responsabilidade total da Administração Central. Esta, através de vários ministros, relegou Sintra para um plano secundário, o que explica a situação a que se chegou. A CDU e os utentes nunca desmobilizaram e tal está expresso em diversos protestos, vigílias à porta das unidades de saúde primárias, concentrações, manifestações, sendo de salientar a entrega de cerca de dez mil assinaturas no Ministério da Saúde, durante a anterior legislatura, exigindo a construção de um Hospital Público em Sintra.
A criação, em Sintra, de uma unidade hospitalar pública prestadora de cuidados de saúde diferenciados, é uma necessidade e exigência da população de Sintra. Nenhum estudo técnico sustenta que deixou de ser necessário a construção de um Hospital em Sintra com 350 camas nem tão pouco nenhuma melhoria efectuada relegou esta questão para segundo plano. Esta é uma necessidade acrescida, para que se possa assegurar a proteção da saúde de forma efetiva e de acordo com os princípios consagrados na Constituição da República Portuguesa.
Pedro Ventura, vereador de Sintra eleito pela CDU