Livro de memórias de Nuno Lima de Carvalho apresentado no Estoril

“Nunca pela cabeça me passou a ideia de escrever um livro de memórias”, admite Lima de Carvalho

O atual diretor da galeria de arte do Casino Estoril, Nuno Lima de Carvalho, decidiu dar um destino “a milhares de imagens e lembranças” de 60 anos de vida profissional e pessoal, no livro ‘Duas Vidas. Muitas Vidas’.

A obra ‘Duas Vidas. Muitas Vidas’ é apresentada no próximo sábado, às 17h00, na Galeria de Arte do Casino Estoril, nos arredores de Lisboa, pelo ex-secretário de Estado do Turismo Licínio Cunha, pelo jornalista Carlos Magno, o catedrático de Belas Artes e pintor Joaquim Lima Carvalho e pelo delegado em Lisboa do governo autónomo da Catalunha, Ramon Font.

nuno-lima-de-carvalho-casino-estoril_0413“Nunca pela cabeça me passou a ideia de escrever um livro de memórias”, afirma Lima de Carvalho, considerando a sua vida “tem sido tecida de coisas simples e vulgares, que se foram sucedendo. No desempenho dos cargos”, que exerceu.

Referindo-se às diferentes funções que assegurou, o galerista reconhece que conheceu e privou “com muitas pessoas” e das quais muitas vezes nasceram “relações de amizade, nas áreas do Turismo, da Cultura, da Arte, em especial das Artes Plásticas, da Literatura do Jornalismo, da própria Gastronomia e outros setores da atividade humana”.

Um desses seus amigos foi o escritor Jorge Amado e sua mulher, Zélia Gattai. De Amado reproduz-se no livro um texto em que o escritor brasileiro, autor de ‘Gabriela Cravo e Canela’, enaltece o facto de Lima de Carvalho ter recebido o título de cidadão honorário de Salvador da Bahia, ou como se diz no Brasil, “cidadão soteropolitano”.

Nuno Lima de Carvalho, decidiu dar um destino “a milhares de imagens e lembranças” de 60 anos de vida profissional e pessoal, no livro ‘Duas Vidas. Muitas Vidas’

“Título mais merecido nenhum portuga o recebeu desde os tempos de Tomé de Souza, o primeiro Governador” do Brasil, sublinha Jorge Amado para, em seguida, enfatizar que Nuno Lima de Carvalho “é sobretudo um grande amigo do Brasil, o incondicional da Bahia”, enumerando o seu trabalho de divulgação de artistas plásticos e escritores do Brasil em Portugal e também a realização da Semana do Estoril na Bahia, com os escultores Dorita Castel’Branco e Chartres d’Almeida, os pintores Carlos Botelho, Maluda, Júlio Resende e Francisco Relógio, o lima-carvalhoceramista José Franco, o escritor Fernando Namora ou a fadista Amália Rodrigues.

São estas e outras memórias que se vão desvanecendo “em minúsculos registos, que se arrumam nas mil gavetinhas da memória e que irremediavelmente morrem connosco para todo o sempre”, escreve Lima de Carvalho.

“Apagam-se por completo milhares de factos, acontecimentos, que afinal foram a textura da nossa vida. Os nossos afetos, as imagens dos nossos familiares e amigos, das pessoas que foram a referência das nossas relações profissionais e sociais”, e que um a um Lima de Carvalho retoma e conta como foi.

Memórias que foi recuperando depois da editora da revista Egoísta lhe ter pedido uma ou duas histórias da galeria de arte – “que é menina dos meus olhos”, confessa – e que o levou a “continuar a recolha”, porque reconhece que tem “muito para contar”.

São estas e outras memórias que se vão desvanecendo “em minúsculos registos, que se arrumam nas mil gavetinhas da memória e que irremediavelmente morrem connosco para todo o sempre”

O autor faz questão de destacar, logo na abertura da obra, com dois textos autónomos, a sua mulher, Maria Clarinda, falecida no ano passado. É por ela que o livro se intitula ‘Duas Vidas’, porque “sempre trabalhou” a seu lado.

Recorda ainda o irmão, o antropólogo Abílio Lima de Carvalho, um dos fundadores do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, “o bom padre Abílio”, como se lhe refere Jorge Amado, e que Nuno atesta ser “a referência maior” da sua vida.

Lusa / Foto: odisseias nos mares e terras