A Liberdade, devolvida aos portugueses pela Revolução de 25 de Abril de 1974, veio transformar por completo todo o país, com particular destaque para os actos eleitorais onde o povo, até então confinado a um partido único, passou a poder escolher livremente os seus governantes.
Mas, a meu ver, em todo o processo de democratização de Portugal após a Revolução dos Cravos, a medida mais importante terá sido quando se concretizaram as primeiras eleições livres e democráticas para as autarquias locais. Aí, o povo escolheu os seus líderes de proximidade, sentiu verdadeiramente que estava envolvido no processo, entusiasmou-se com a sua participação activa nos destinos da sua região.
De facto, por todas as câmaras municipais e freguesias do país a adesão e o interesse popular foi extraordinário. Em Colares, do mesmo modo, também se verificou uma
considerável alteração na monótona situação vivida até então. Muitas foram as realizações, os projectos, os sonhos, visando sempre o desenvolvimento da região e o bem-estar das pessoas.
A minha primeira experiência como autarca deu-se em 1980, quando fiz parte da Assembleia de Freguesia de Colares, na oposição, no mandato em que foi presidente da Junta de Freguesia o senhor Eduardo Muge.
Em 1993 decidi candidatar-me à presidência da Junta de Freguesia, pela primeira vez, tendo sido eleito na lista do Partido Socialista, embora sem maioria absoluta. Mas, através do permanente diálogo democrático, conseguimos chegar a consenso com os membros da CDU e o mandato, muito profícuo e realizador, decorreu sempre dentro da normalidade política.
Já com maioria absoluta, em 1997 o PS volta a ganhar as eleições em Colares e eu assumi, de novo a presidência da Junta. Tal como no mandato anterior, encontrei na Câmara Municipal de Sintra uma cooperação institucional e um apoio efectivo na, então, Presidente Edite Estrela e nas suas vereações. Recordo que foi nesta época que se implantou a rede de esgotos e as estações de tratamento, muitos arruamentos, e grandes melhoramentos nos espaços públicos.
recordo com profunda saudade a presidência de Acácio Barreiros na Assembleia Municipal. Um homem de extraordinário carácter e com uma cultura política muito acima da média.
Em 2001, e embora o PS tenha perdido as eleições para a Câmara de Sintra, em Colares voltamos a ganhar. Cumpri, então, o meu terceiro mandato consecutivo à frente dos destinos da freguesia e, pese embora sempre tenha mantido boas relações com o presidente e o executivo camarário, não consegui levar por diante, por falta de meios, alguns projectos que rotulava de importantes para o território e para as pessoas. Mesmo assim, foi de relevo obras como o Centro de Saúde de Colares, bem como outras de melhoramento ou construção de equipamentos e apoio às instituições da freguesia.
Como membro inerente da Assembleia Municipal de Sintra durante três mandatos, assisti e travei alguns debates acesos e muito empolgantes, numa discussão política sempre interessante onde, apesar da diferença de ideias, todos procuravam encontrar as melhores soluções para o Concelho de Sintra. Dos três mandatos, recordo com profunda saudade a presidência de Acácio Barreiros na Assembleia Municipal. Um homem de extraordinário carácter e com uma cultura política muito acima da média.
A vida pública é feita de uma entrega diária, constante. Há momentos de grande cansaço, de algumas desilusões, de falta de tempo para a família. Mas a alegria da concretização da obra, do apoio directo à comunidade, de ver crescer e desenvolver a nossa região, supera tudo e faz-nos acreditar no dever cumprido.
Alfredo Soares