“Os Bombeiros precisam de todos e todos precisam dos Bombeiros.” Quem o diz são os Bombeiros Voluntários de Agualva-Cacém (BVAC) nas redes sociais e junto do meio empresarial, no âmbito da “Campanha do Euro”, destinada à angariação de fundos para a instituição.
Atingir 100 mil euros de receita, até 31 de Dezembro de 2023, é o objetivo e, simultaneamente, o desafio da Associação de Bombeiros, sediada na Cidade de Agualva-Cacém, no concelho de Sintra.
“A nossa área de atuação própria compreende mais de 150 mil habitantes. Para nos apoiarem, basta que cada um deles contribua, no mínimo, com um euro. É muito difícil?” – adianta e questiona o presidente da Direção, Luís Miguel Baptista, em nota enviada ao SINTRA NOTÍCIAS.

(…) “No domínio da Proteção Civil, caminhamos, incompreensivelmente, para uma situação de completa asfixia financeira das associações de bombeiros” — Luís Miguel Baptista
Segundo o mesmo responsável, “por parte das entidades oficiais, existe cada vez menos consciência das necessidades dos Bombeiros. O Estado, cuja obrigação prioritária é garantir a proteção e socorro dos cidadãos, delegando tradicionalmente essa sua responsabilidade nas associações de bombeiros, dá com uma mão e tira com a outra. Um exemplo que é gritante: pagamos contribuições e impostos em proporções elevadíssimas, designadamente à Segurança Social, pela componente dos profissionais que somos forçados a contratar, o que se vê configurado num lamentável desrespeito pelo nosso estatuto enquanto instituições de cariz humanitário sem fins lucrativos. Se falhamos na resposta aos compromissos, penalizam-nos de imediato sem dó nem piedade. Num país como o nosso que aspira ser moderno e progressivo no domínio da Proteção Civil, caminhamos, incompreensivelmente, para uma situação de completa asfixia financeira das associações de bombeiros, quando estas representam o principal e indispensável agente do sistema instituído. Sem Bombeiros devidamente sustentados não há Proteção Civil na verdadeira acepção da palavra”, pode ler-se.
“Para os Bombeiros Voluntários de Agualva-Cacém poderem apresentar uma situação estável, precisariam todos os meses de gerar proveitos superiores a 100 mil euros, considerando que atualmente mais de 70 mil se destinam, apenas, a vencimentos e encargos sociais. As próprias compensações protocoladas com o Município de Sintra já são manifestamente insuficientes, face às exigências que derivam do meio eminentemente urbano pelo qual o Corpo de Bombeiros é responsável em termos de socorro na emergência”, desataca Luís Miguel Baptista.
“Não podemos continuar a ver-nos dependentes de promessas ou de eloquentes discursos, quase sempre inconsequentes” — Luís Miguel Baptista
“Por mais esforços que as direções despendam, a instituição, só por si, não tem capacidade de obter receitas em suficiência. O custo de vida apresenta-se elevado e os financiamentos que recebemos não acompanham os sucessivos aumentos dos bens que nos são essenciais. Temos um papel relevantíssimo na sociedade, que é único e insubstituível, mas, na prática, o Estado não faz distinção entre uma associação humanitária de bombeiros e uma empresa”, lamenta o presidente da Direção dos Bombeiros Voluntários de Agualva-Cacém.
O responsável revela ainda, “não existem planos de reequipamento, estas instituições têm de recorrer à banca e endividar-se, tanto no plano da gestão corrente como da dotação de novos veículos e equipamentos. Pagamos para sermos Bombeiros. Não há uma política facilitadora ou justa de apoio, por exemplo, na aquisição dos combustíveis. Não temos, nesta e noutras áreas, um tratamento diferenciado, o que causa frustração e desmotivação. Ao continuarmos neste registo, o associativismo tende a enfraquecer-se ainda mais, pois o modelo em que vimos funcionando está esgotado.”
“Temos o desígnio especial de salvar vidas e bens” — Luís Miguel Baptista

Recentemente, o Instituto Nacional de Estatística revelou que, em Portugal, o défice crónico anual das associações de bombeiros ultrapassa os 100 milhões de euros.
“Os BVAC pertencem a essa realidade e por isso, na tentativa de inverterem o curso dos acontecimentos, só lhes resta recorrer à generosidade e apoio da sociedade civil, nomeadamente através da ‘Campanha do Euro’, lançando em torno desta o seu apelo a toda a comunidade de Agualva-Cacém e parte de Rio de Mouro”, refere Luís Miguel Baptista.
“Não podemos continuar a ver-nos dependentes de promessas ou de eloquentes discursos, quase sempre inconsequentes. Temos o desígnio especial de salvar vidas e bens. Logo, os Bombeiros têm de ser reconhecidos pelo Estado português como um investimento imprescindível e permanente, o que por vezes parece ser ignorado no contexto das opções e critérios de quem de direito, facto sucessivamente contestado pelas nossas estruturas representativas”, conclui o presidente da Direção dos Bombeiros Voluntários de Agualva-Cacém, Luís Miguel Baptista.