Carris Metropolitana deixa sindicatos otimistas mas com receio de falta de motoristas

O sindicato dos trabalhadores da Rodoviária de Lisboa receia que a Carris Metropolitana não arranque em pleno no distrito de Lisboa, mas outros sindicatos ouvidos pela agência Lusa acreditam que não se vão repetir erros do passado.

“Isto não vai correr bem”, antevê o presidente do Sindicato Independente dos Trabalhadores da Rodoviária de Lisboa (SITRL), João Casimiro, à Lusa, porque diz não haver “motoristas suficientes” na empresa para assegurar o reforço do transporte de autocarros.

Por isso, o sindicalista não espera um arranque completo das operações da Carris Metropolitana no distrito de Lisboa, a partir de 01 de janeiro.

Depois de iniciar funções, no verão, na margem sul do Tejo (distrito de Setúbal), a Carris Metropolitana, que pretende uniformizar os transportes rodoviários de passageiros em toda a Área Metropolitana de Lisboa (AML), começa a operar a partir de domingo, na margem norte da AML, passando todos os autocarros a ser amarelos e com o mesmo símbolo.

Gerida pela Transportes Metropolitanos de Lisboa, a operação da Carris Metropolitana é assegurada pelos operadores privados que já faziam as carreiras naqueles territórios.

Assim, a partir de domingo, a Viação Alvorada (que funde a Scotturb e a Vimeca) vai operar em Oeiras, Sintra e Amadora, com ligações intermunicipais com Lisboa e Cascais.

Já a Rodoviária de Lisboa, juntamente com outras empresas do Grupo Barraqueiro, como a Santo António, a Mafrense ou a Isidoro Duarte, mantêm o serviço em Loures, Odivelas, Mafra e Vila Franca de Xira, assegurando viagens intermunicipais com Lisboa.

Além dos cerca de 600 motoristas da Rodoviária de Lisboa, a empresa contratou recentemente mais de 300 profissionais, a maioria de nacionalidade brasileira, mas, segundo João Casimiro, não chegam para fazer face à nova oferta.
“A maior parte deles não estarão preparados a partir de dia 01 de janeiro”, frisou o dirigente sindical, referindo que muitos ainda estão em formação e a tratar de vistos.

João Casimiro conta ainda que alguns motoristas imigrantes estão a passar dificuldades e fome, e que a transportadora poderia ter acompanhado melhor a sua vinda para Portugal.

Contactada pela Lusa, a Rodoviária de Lisboa não respondeu até à tarde de hoje às questões levantadas pelo SITRL.
Ainda assim, os sindicatos ouvidos pela Lusa disseram que a preparação dos serviços da Carris Metropolitana correu bem e esperam que os erros cometidos no início das operações na margem sul do rio Tejo não se repitam.

“As orientações não foram dadas de forma atempada [na margem sul]”, diz Manuel Oliveira, do Sindicato Nacional dos Motoristas e Outros Trabalhadores (SNMOT), esperando que os problemas anteriores “tenham servido de aprendizagem”.
Já o coordenador da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), José Manuel Oliveira, afirma que “há condições” para iniciar o novo serviço, segundo o que a Viação Alvorada lhes transmitiu.

“Naturalmente vamos ter problemas de início”, refere José Manuel Oliveira sobre a habituação à nova oferta, mas garante que a formação dos trabalhadores decorreu de forma “serena”.

A Viação Alvorada também foi contactada pela Lusa e remeteu explicações para a Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), que ainda não se pronunciou.

Carris Metropolitana

Carris Metropolitana chegas aos concelhos da Amadora, Oeiras, Sintra, Loures, Mafra, Odivelas e Vila Franca de Xira a 1 de janeiro de 2023

A Carris Metropolitana começou a operar no dia 01 de junho nos concelhos de Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal, na Margem Sul, com novos horários, linhas e autocarros amarelos.

Um mês depois, em 01 de julho, arrancou a operação nos concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra, no distrito de Setúbal.
Inicialmente, estava previsto que a Carris Metropolitana iniciasse a operação na margem norte também em 01 de julho, mas a falta de viaturas novas e de motoristas foram algumas das razões apontadas pela TML para justificar o adiamento.

Em novembro, a Transportes Metropolitanos de Lisboa indicou que as operadoras da margem norte “assumiram estar em condições de iniciar a operação rodoviária” a partir de janeiro e asseguraram ter “o número de viaturas e de motoristas necessários para a oferta prevista contratualmente, que pressupõe desde logo um aumento significativo de linhas e horários”.

A operação da Carris Metropolitana foi dividida em quatro zonas, duas envolvendo municípios da margem norte e outras duas na margem sul do Tejo.

Quatro áreas

A ‘área 1’ inclui Amadora, Cascais, Lisboa, Oeiras e Sintra, a ‘área 2’ Loures, Mafra, Odivelas e Vila Franca de Xira, a ‘área 3’ Almada, Seixal e Sesimbra e a ‘área 4’ Alcochete, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal.

Na margem sul, a operação na área 3 foi concessionada aos Transportes Sul do Tejo e na área 4 à Alsa Todi, que assegura ainda as ligações intermunicipais ao Barreiro e para fora da AML para a zona do Alentejo central.

Na margem norte, a área 1, concessionada à Viação Alvorada, inclui Amadora Oeiras e Sintra com ligações intermunicipais a Lisboa e a Cascais e ligação à zona do Oeste, enquanto a área 2 foi entregue à Rodoviária de Lisboa.

Em Lisboa, Barreiro e Cascais a operação continua a ser realizada por operadores internos, respetivamente Carris, Transportes Coletivos do Barreiro (TCB) e Mobi Cascais.

A Carris Metropolitana vai seguir um novo sistema de numeração, pelo que mudarão, a partir de 01 de janeiro, os números das carreiras atuais.

No ‘website’ da marca é possível utilizar o “conversor de linhas” para saber as novas referências, tal como para conhecer os horários e as paragens das carreiras, que também estão nos postes instalados nos locais por onde os autocarros vão passar.