Trabalhadores pedem adiamento do fecho da central a carvão do Pego

Os trabalhadores da Central Termoelétrica do Pego, em Abrantes, a única ainda a funcionar a carvão em Portugal, exigiram ao Governo que “reverta a decisão de encerramento” daquela unidade, previsto para 30 de novembro, recusando cair no desemprego.

Em causa estão mais de 150 postos de trabalho. “Todos sabíamos que a licença acabaria agora, mas não era por isso que a central deixaria de produzir energia, pelo que era preciso antecipar e salvaguardar o futuro destes cerca de 150 trabalhadores, entre diretos e indiretos, coisa que o Governo, apesar do nosso constante alerta, não conseguiu assegurar até hoje, dando conta que apenas no dia 30, data de encerramento da central, irá anunciar algumas medidas e projetos”, disse o coordenador do Siesi, Luís Santos.

O dirigente sindical disse ainda que a central se foi “tentando adaptar para a biomassa”, lembrando que é “um projeto que existe” e que “dá algumas garantias de emprego”. E acrescentou: “Independentemente de quem ganhe o concurso público para atribuição do ponto de injeção de energia, o que queremos é a manutenção dos postos de trabalho e do desenvolvimento da região”, acrescentou, insistindo na necessidade de suspensão do encerramento da central até haver garantias do futuro da empresa e dos trabalhadores.

Para o responsável não há dúvidas: “O que queremos, no imediato, é a paragem do processo do anúncio de encerramento até que se encontrem alternativas que sejam credíveis, que salvaguardem a produção energética, e que salvaguardem, simultaneamente, os postos de trabalho e a economia da região”, defendeu.

Sobre o processo de transição energética em curso, Rogério Silva disse rejeitar “mais um encerramento que irá trazer consequências desastrosas para a economia regional e nacional”, tendo lembrado o encerramento da central de Sines e da refinaria de Matosinhos, afirmando que “não se produz em Portugal eletricidade suficiente, importando-se de Espanha e França energia gerada em centrais a carvão que emitem o dióxido de carbono que o Governo diz querer evitar”.

Também o deputado do PCP António Filipe garantiu que viu a “decisão prematura de encerramento da central” com “preocupação e perplexidade”, num “momento em que existe uma situação de grande indefinição relativamente ao futuro” da empresa e dos trabalhadores, “muitos deles já com carta de despedimento” na sua posse.

O presidente da Câmara de Abrantes mostrou-se ainda preocupado com o futuro dos 150 trabalhadores, vincando a importância de “acompanhar a sua formação, reformulação profissional e estabilidade social”, uma vez que “o encerramento da central a carvão não está em causa”, sendo a questão da descarbonização um “elemento central das políticas que o mundo tem de agarrar”.

Recorde-se que a Central Termoeléctrica do Pego é a última unidade a produzir energia a carvão no país, tendo o Governo decidido que a sua atividade deveria terminar até 30 de novembro de 2021. E, tal como o Nascer do SOL já tinha avançado, os acionistas maioritários da Tejo Energia têm reiterado que o Governo levou a leilão um bem que lhes pertence por direito e entregaram uma providência cautelar no Tribunal de Leiria contestando o procedimento, bem como uma ação paralela em que é pedida uma indemnização de 290 milhões de euros ao Ministério do Ambiente.

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