José do Nascimento | Curtas Crónicas Avulso (Parte 2)

Crónica residual

As espectativas com a passagem da responsabilidade da recolha do lixo para os Serviços Municipais de Água e Saneamento (SMAS), não eram elevadas, tanto mais que transpareceu para o exterior que esta empresa municipal não terá visto com bons olhos esta nova responsabilidade e, ao que parece, acabou por ser responsabilidade imposta pelo poder político camarário, imposição essa, que a ser real, não parece totalmente descabida.

Nos primeiros tempos da mudança não se notaram melhorias na prestação do serviço de recolha de resíduos e em alguns locais acabou por haver bastas queixas de pioria, déficit ainda não debelado, mas o que realmente melhorou, foi o recente aspeto visual de alguns contentores, de que é exemplo a Portela de Sintra, ou a Praia Grande.

Os contentores redondos viram-se vestidos com uma nova cinta, mais agradável à vista e com indicações precisas sobre o tipo de resíduos a depositar em cada contentor do ecoponto, aconselhando os cidadãos a denunciar utilização indevida, num misto de tentar fazer cada um de nós fiscal não renumerado, mas alertando para o dever de todos de respeitar e fazer respeitar normas, que quando razoáveis, passa a dever denunciar o não cumprimento.

As informações inscritas nas novas cintas que envolvem os contentores, incluem as instruções básicas para a sua utilização, do tipo: 1 Acondicione os resíduos (esta mesma mensagem está também nos contentores para vidro e papel (mensagem pouco razoável para este tipo de resíduos); 2 Coloque os resíduos dentro do contentor; 3 Se o contentor estiver cheio, procure o mais próximo (muitas vezes o mais próximo é longe e o facto de estar cheio, é frequentemente consequência de uma má prestação dos serviços de recolha); 4 Feche a tampa.

Tudo instruções úteis. Parece não faltar quase nada a estes contentores, mas o que não se vislumbra neles é um pedal para abrir a tampa! Não é só em tempos de pandemia que a higiene é indispensável e a abertura das tampas através de pedal seria óbvia na ótica do utente, mas para os SMAS, o respeito pelo utente… é assobiar para o lado.

Crónica dos Bons Amigos

Que prazer tenho na escrita desta crónica avulso!

Corria o ano de 2002, por meados de Setembro, num restaurante em Sintra que frequentava com alguma frequência, mais para me encontrar com alguns amigos e para dois dedos de conversa que pelo almoço que, adiante-se, tinha também suficiente qualidade para ser a sobremesa do cavaqueio.

Num desses almoços, o chefe da estação dos CTT de Sintra, oriundo de Vila Franca de Xira, propôs um dia na sua terra natal durante a Feira de Outubro. Apresentaram-se quatro candidatos e o dia escolhido foi naturalmente o cinco por ser feriado (faz hoje 18 anos, data em que escrevo esta crónica). Para não se ter de escolher quem teria de levar carro, optou-se pelo comboio, meio mais seguro para viajar no final de um dia que previa com alguns excessos e houve, não demasiados, mas houve!

As feiras em Vila Franca de Xira, assentam essencialmente esperas e touradas, que bem dispenso, mas as petiscadas que se anteviam, pareciam bem mais apelativas que as palhaçadas dos espontâneos durante a espera e as expectativas não saíram goradas.

No regresso passámos pelo estúdio de um amigo comum que fez encostar a uma parede branca para nos tirar um foto. “É para recordarem o dia!” Dias depois recebemos o resultado de uma excelente montagem. A parede branca de fundo, foi substituída pelo Palácio de Seteais e nós os quatro paramentados com aventais e colares maçónicos. Na legenda a letra dourada lia-se: Grande Loja Almoçónica de Sintra.

A ideia pegou e aos quatro foram-se juntado outros amigos que teimosamente o continuam a ser passados que são 18 anos. Se o motivo é a amizade, o pretexto é a Grande Loja.

A loja tem hoje cerca de 20 elementos, por motivos logísticos não poderemos ser mais, que se juntam todas as últimas quartas feiras de cada mês para fazer jus ao seu nome, não tanto para almoçar mas muito especialmente para estarmos uns com os outros e alimentar uma cíclica crónica de boas amizades que só a actual pandemia interrompeu por três meses…

A Grande Loja Almoçónica de Sintra, regressou em Junho, sempre dentro das limitações que o atual estado de coisas impõe, já tivemos que dividir o grupo em dois, mas com imaginação e engenho, estou certo que poderemos continuar a alimentar a Crónica dos Bons Amigos e juntar mais anos aos 18 celebrados hoje.

Parabéns Grande Loja Almoçónica de Sintra.

José do Nascimento