José do Nascimento | Ciclovias

    Opinião

    Parece estar na moda a construção de ciclovias, mas não é significativa a sua utilização por ciclistas, sendo maioritariamente utilizadas por amantes da caminhada ou corrida de manutenção. Mais à frente tentarei dar uma das possíveis explicações para este fenómeno que não me parece nada estranho.

    Sou amante confesso da caminhada, que pode ser de aventura, e Sintra tem vastos locais onde esta vertente de exercício físico pode ser praticada, juntando-se ao prazer de apreciar locais quase paradisíacos que a serra oferece. De quando em quando entro numa destas aventuras, mas para a prática diária de caminhada de manutenção onde se se pretende um ritmo o mais constante que possível, exigem-se bons pisos e daí advém o aumento progressivo de caminhantes nas ciclovias, aliás este tipo de salutar exercício físico tornou-se numa prática em crescendo.

    Sou de uma geração em que as actividades lúdicas tinham quase sempre uma forte componente física, as “futeboladas” de rua eram bem reais e não simulações em consola como muitos dos jovens de hoje praticam a modalidade.

    Passado do desporto de competição que oficialmente pratiquei, o acumular de quilogramas impeliu-me à practica de actividades lúdicas com componente física associada, nem sempre com muito sucesso na perca de peso, mas com claros rendimentos mentais que se comprovam pelos textos que venho escrevendo desde dos anos noventa, quando a caminhada se tornou diária.

    Quase sempre foi nas caminhadas que mentalmente escrevi os meus livros e os artigos que vou escrevinhando, ao chegar a casa, as palavras estão já na ponta dos dedos e o carregar nas teclas aparece de modo natural… Um reparo, se me apetece escrever poesia, coisa rara, o computador não serve, só um lápis e uma folha de papel quadriculado me levam a aventurar-me nessa faceta.

    Para a caminhada de manutenção e limpeza do espírito, não são muitos os locais que em Sintra oferecem boas condições, passeios muitas vezes mal cuidados são desafios à integridade dos membros inferiores e aí surgem as ciclovias como uma opção, tanto mais que estas vias não parecem ser muito do agrado dos ciclistas, que na maioria parece preferirem organizar-se em grupo para realizarem os seus passeios.

    A largura das ciclovias raramente é adequada a albergar pelotões em movimento. Nas ciclovias que frequento, tirando um ou outro ciclista solitário, os grupos, mesmo só a dois, raramente aparecem. Por outro lado, estas vias são normalmente pouco extensas para um passeio de bicicleta.

    Parece não haver autarquia que não prometa a construção de ciclovias e os caminhantes agradecem o piso normalmente cuidado e pouco agressivos ao calçado normalmente utilizado, logo os pés agradecem.

    O anterior executivo sintrense, inaugurou com pompa e circunstância a ciclovia entre a Portela de Sintra e Ouressa, inicialmente apenas destinada a bicicletas. Detectado o erro, foi este parcialmente corrigido e hoje apresenta-se numa salganhada de troços mistos e troços só para ciclistas que teimam em não aparecer, porque entre os problemas já apresentados, é demasiado estreita. Logo no início atrevi-me a experimentar esta via e cedo concluí que se tratava de um percurso desagradável devido ao ruído. Não é a quantidade de automóveis a circular que incomoda, mas o barulho que sai dos rodados devido a rugosidade do piso. A via Portela / Ouressa, para mim, está posta de parte.

    É muito mais agradável, no Verão, com os caminhos secos, percorrer a frescura da Quinta da Riba Fria. Uma outra via que apesar de correr ao longo de uma estrada com algum movimento, mas como o piso da rodovia é liso, os possíveis barulhos provocados pelo tráfego, não incomodam. Trata-se da via entre as Azenhas do Mar e Janas, onde se pode apreciar o cantar dos pássaros e o cheiro dos pinheiros.

    Nos fins de semana em que não haja vento, é também agradável dar algumas voltas em redor do tribunal de Sintra. Com cada volta a rondar os 800 metros, para uma caminhada de cerca de cinco quilómetros, poderá parecer algo repetitivo, mas garanto que não é.

    Do lado Norte pode-se apreciar lá longe desde o mar, passando pela planície até vislumbrarmos lá ao longe o Convento de Mafra, no lado Sul, é o esplendor da Serra de Sintra com a sua imensidade de tons de verde que ornamentam o Monte Sereno, o Palácio da Pena e o Castelo dos Mouros. A cada volta somos impelidos a exclamar:

    Nos fins de semana em que não haja vento, é também agradável dar algumas voltas em redor do tribunal de Sintra. Com cada volta a rondar os 800 metros, para uma caminhada de cerca de cinco quilómetros, poderá parecer algo repetitivo, mas garanto que não é.

    Do lado Norte pode-se apreciar lá longe desde o mar, passando pela planície até vislumbrarmos lá ao longe o Convento de Mafra, no lado Sul, é o esplendor da Serra de Sintra com a sua imensidade de tons de verde que ornamentam o Monte Sereno, o Palácio da Pena e o Castelo dos Mouros. A cada volta somos impelidos a exclamar:

    – Isto é bonito, é mesmo bonito!

    José do Nascimento