A falta de profissionais tem sido uma crítica constante por parte de médicos, enfermeiros, assistentes e técnicos, que apontam para uma constante degradação dos serviços públicos, refletida em demissões de chefes de serviço em várias unidades hospitalares e greves frequentes em todos os setores de profissionais de saúde.
Às constantes críticas, o ministro reconheceu que “há hospitais a trabalhar nos limites”, com profissionais a “fazer um esforço enorme”, mas também afirmou que era impossível resolver em pouco tempo os problemas acumulados no setor e que esperava um reforço no próximo Orçamento do Estado para o seu Ministério.
As carências na área da Saúde, com impacto na qualidades do atendimento, foram especialmente visadas por sindicatos e ordens profissionais com a redução, desde 1 de julho, de 40 para 35 horas semanais dos trabalhadores do setor, apesar de o executivo desvalorizar o que apontou como “casos pontuais” e do compromisso em fazer duas mil contratações, um número que os administradores hospitalares consideraram que não chega para metade das necessidades.
A oposição elegeu Adalberto Campos Fernandes como um dos seus alvos principais, chamando-o com elevada frequência ao parlamento, a que o ministro da Saúde respondeu sempre mantendo a coerência do discurso de crescente investimento no setor, após os cortes no período de assistência financeira externa da ‘troika’.
Outro dos assuntos que marcou o mandato de Adalberto Campos Fernandes foi a transferência do Infarmed de Lisboa para o Porto, após esta cidade ter perdido a candidatura à sede da Agência Europeia do Medicamento.
“Adalberto Campos Fernandes foi o ministro da Saúde que mais fez e lutou por todos que vivem e trabalham no município de Sintra. Neste momento é lhe devida uma palavra de gratidão”, — reage Basílio Horta, presidente da Câmara de Sintra, no facebook
No final do seu percurso como ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes deixa como herança à sua sucessora, Marta Temido, ex-subdiretora do Instituto de Higiene e Medicina Tropical, uma nova Lei de Bases da Saúde, que está pronta, mas ainda não foi aprovada em Conselho de Ministros.
Deixa ainda a promessa de conferir autonomia a um quarto dos hospitais portugueses, que terão capacidade de recrutar e decidir investimentos, mas também responder pelos tempos de espera.
Frisando que “não há bons ou maus gestores apenas porque lhe é colocada uma etiqueta em cima do casaco”, Adalberto Campos Fernandes disse que “há contextos e há circunstâncias em que essa gestão é exigida”.
O ministro referiu ainda que a dívida a fornecedores começou a descer e que, apesar de ainda estar acima dos 750 milhões de euros, foram criadas condições para que “não cresça, antes pelo contrário, diminua mês a mês”.
Está ainda a ser preparada uma injeção adicional de 500 milhões de euros, sobre o financiamento disponibilizado no início do ano para pagamento de dívidas, o que, segundo o ministro, permitirá entrar em 2019 numa “situação estável”.
Questionado sobre o orçamento do SNS para 2019, o ministro estimou, em entrevista à RTP, em setembro, que tenha um aumento de cerca de 300 milhões de euros face a 2018.
O XXI Governo Constitucional aumenta o número de ministras de três para cinco, na sequência das mudanças hoje anunciadas pelo primeiro-ministro, António Costa, e a Secretaria de Estado da Energia transita para o Ministério do Ambiente.
Ministro Adjunto e da Economia: O atual ministro Adjunto, Pedro Siza Vieira, fica também responsável pela pasta da Economia, em substituição de Manuel Caldeira Cabral.
Ministro da Defesa Nacional: Antigo secretário de Estado da Cooperação João Gomes Cravinho assume a pasta da Defesa Nacional, em substituição de José Azeredo Lopes.
Ministra da Cultura: A atual secretária de Estado Adjunta e da Modernização Administrativa, Graça Fonseca, vai desempenhar as funções de ministra da Cultura, em substituição de Luís Filipe Castro Mendes
Marta Temido assume a pasta da Saúde, em substituição de Adalberto Campos Fernandes.
Ministro do Ambiente e da Transição Energética: O atual ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, acumula a pasta da Transição Energética