Foto da associação Alagamares durante um protesto contra o abate de árvores no Parque Natural de Sintra-Cascais

Os deputados do Bloco de Esquerda (BE) na Assembleia da República, Carlos Matias e Pedro Soares, pediram esclarecimentos ao governo sobre intenção do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) em abater cerca de um milhar de árvores no Parque Natural de Sintra Cascais, “uma ameaça sobre o património florestal” que motivou preocupação e repúdio de ambientalistas, autarcas e população.

A marcação de cerca de 1350 árvores ao longo de cinco quilómetros junto da Estrada Nacional 9-1, entre a Malveira da Serra e a Lagoa Azul, e dentro da Serra de Sintra, motivou a contestação de deputados, associações ambientalistas, cidadãos e autarcas.

Na ocasião, ao jornal Público, o presidente do ICNF, Rogério Rodrigues, comprometeu-se numa audição parlamentar, em abril, a reavaliar os critérios do corte, mas assegurou que a intervenção dava “cumprimento a normas que estão no plano municipal de defesa da floresta” e que visava “a proteção de pessoas e bens”.

Na Assembleia Municipal de Sintra, de 6 de novembro, o BE questionou o presidente da autarquia sobre o processo, tendo Basílio Horta (PS) afirmado que “não consentiria que acontecesse qualquer abate para além das 60 árvores” que a câmara identificara como passíveis de corte, por estarem mortas ou constituírem perigo.

O autarca deu conhecimento, em junho, ao ministro da Agricultura e Florestas que, da avaliação dos serviços municipais às árvores marcadas para corte, “só em apenas 43 foi possível identificar sinais de problemas estruturais ou fitossanitários enquadráveis nos pressupostos de segurança invocados pelo ICNF”.

Na avaliação dos serviços de ambiente municipais constam, entre pinheiros, ciprestes e acácias, 27 árvores mortas, dez com grande inclinação, cinco com sinais claros de decrepitude e uma com evidência de fungos.

Em nota enviada ao SINTRA NOTÍCIAS, o BE considera “indispensável que se proceda ao corte de árvores que possam constituir perigo e à limpeza florestal. No entanto, estas intervenções devem ser feitas com transparência e envolvendo populações, ambientalistas e autarquias na tomada de decisão.”

Recorde-se que o grupo parlamentar do BE dirigiu um conjunto de perguntas ao ministro que tutela o ICNF, “procurando esclarecer se a intervenção está ou não prevista e, em caso de resposta positiva, em que moldes acontecerá.”