O historiador Rui Oliveira e o Presidente da UF do Cacém e São Marcos, José Estrela Duarte

Mais uma “Caminhada com Stória”, a quinta, desta vez no trilho do desenvolvimento Urbano da grande cidade de Agualva-Cacém, iniciativa da RJ ANIMA – Associação, que contou com a presença guiada dos Investigadores e Historiadores, Rui Oliveira e Carlos Leite.

Desda vez, o passeio centrou-se no antigo eixo viário da urbe, do lado da freguesia Cacém – São Marcos. Eixo cuja origem é Romana, e que ao longo dos séculos foi estruturante para a formação da Agualva, Cacém, Lágea e Zambujal.

Uma realidade antiga, onde ainda é possível vislumbrar um pouco no Centro Histórico do Cacém de Cima que, em 1802 se chamava de Lágea.

Uma jornada de História Local em torno do velho chafariz de D. Maria II, da Casa de Ribeiro de Carvalho e sua rua, com a apreciação dos mais variados registos azulejares e também descortinando as obras de abastecimento de água pública à localidade por obra de Chafariz de 1931.

Muitas razões para voltar a revisitar, o mesmo espaço urbano.

A iniciativa contou com a presença do presidente da União de Freguesias do Cacém e São Marcos, José Estrela Duarte e mais de trinta munícipes que se inscreveram para participar.

Recorde-se que está é uma iniciativa da RJ ANIMA – Associação, que conta como parceiro,  António Manuel Silva do blogue Rouxinol de Pomares.

Ribeira de Agualva ou do Jardo

Durante a visita o historiador Rui Oliveira, deu conta de um documento recentemente encontrado, com a decisão do Rei D.Manuel, em mandar coutar toda a estrada que saía de Lisboa, até à Ribeira da Agualva ou do Jardo.

“A cidade de lixboa priuilegio per que he coutadada porta de sam vicente pelo camjnho de sintra ate a ponte|1 da guoalaua e pella Ribeira abaixo até o mar etc. ||2

Dom manuell etc A quantos esta nos[s]a carta birem fazemos saber q[ue] nos abemos p[or] bem |3 q[ue] alem da coutada q[ue]  temos feita no termo da nos[s]a cidade de lixboa aja mais a |4 seguinte a S[abe]r da porta de sam bicente da dita çidade p[e]lo caminho de syntra |5 ate a ponte dauguoalua e p[e]la Ribeira de barquerena abaixo ate o mar d[e]n[t]ro |6 da q[ua]l marcacam mamdamos e deFendemos q[ue] nenhu[m]as pes[s]oas de q[ua]lquer  [e]stado |7 e condica[m] q[ue] seja nom pos[s]a caçar nem matar lebres nem perdizes nem p[er] |8 digoões  abes  nem caães de mostra nem com outros  nenhu[n]s cãaes nem |9 com perdigões nem perdizes de chamado ne[m] com outras nenhu[m]as armadilhas |10 q[ue] sejam de q[ua]lq[ue]r maneira  q[ue] se pos[s]am fazer sob pena de q[ual]q[eu]r p[esso]a q[ue] for achado |11 Açor ou gaujam ou galguos que perc que e os cãaes e o caualo em q[ue] andar |12 e mais dous mjl r[eae]s E asy q[ue]remos q[ue] q[ua]lq[eu]r que com cãaes armadilhas ou |13 bestas ou com perdigam ou p[er]diz de chamado caçar ou lhe for prouado que caçou |14 perca o com q[ue] asy caçar e pague p[or] cada huua vez os dictos ij r[eae]s todo per o coutejro |15 moor ou coutejros q[ue] p[or] ele poser os quaaes couteiros seram cridos p[er] seus juramentos |16e poderam demandar todallas penas da dicta coutada p[er]ante o nosso al[mo]xa[rife] do almaze[m] |17 e terecenas da dicta çidade ou p[er]ante o nosso  C[orreged]or della os quaaes julgaroom |18 e detremjnaram asy as dictas penas como as outras da outra do trmo da dicta çidade |19 segumdo forma do Regimento e aluaraes q[ue] sobre esto temos pas[s]ado outros q[ue]remos ||20 [mudança de folha] que nenhu[m]a persoa em toda out[r]a coutada do termo da d[i]cta cidade nom |21 caçe com nenhu[m]a Aue perdizes nem perdiguoões desde o fim do mês de mayo ate  o |22  primeiro dia do mês dagosto de cada hun anno sob a dita pena. E p[or]tanto manda |23 mos ao dito nosso couteiro moor q[ue] ho mande asy notificar e apregoar na |24 cidade e out[ro]s luguares comarcãoos e mande guoardar os ditos termos |25 e comprir todo o em esta carta conthiudo a q[ua]l mamdamos passar sob nosso Sinal |26 P[er]a disso serem certos e se nom emnorançia. E per ela mandamos jso |27 mesmo ao d[i]cto nosso C[orreged]or e almoxerife do d[i]cto almazém q[ue] a façam notificar |28 nos lugares [?]  e  acostumados p[er]a se todo sab[e]r e  ssegundo forma do d[i]cto nosso |29 Regimento e aluaraes  Julguem as d[i]ctas penas como d[i]cto hé E asy mandamos a todollas |30 outr[a]s jutiças ofiçiaes e  persoas aq[ue] esto p[er]temçer e for mostrada que muy emteiram[en]te a |31 cunpram e guoardem e façam comprir e guoardar sem duuyda nem outro menhun em |32 barguo p[or] q[ue] nos o auemos asy p[or] bem e nosso serviço dada em cidade deuora a xb [15] d | 33 ias do mes de Jan[ei]ro andre pirez a fez anno do nascimento de nosso S[enh]or J[hesu]S C[hrist9o  de mjll e bc ix [1509] E |34 posto q[ue] digua q[ue] en outra coutada alem esta aquj declarada se nom p[er]dizes |35 nem perdigões do derradeiro dia de mayo até ao prim[ei]ro dia dagosto auemos p[or] bem q[ue] sem |36 embarguo disso esta ssoom[en]te aquj declarada sera  coutada e a outra de for desta |37 demarcaçam fique como sempre esteue [rubrica]||38

Leitura de Rui Oliveira, agosto de 2017

Normas de sinalética aplicadas nesta transcrição paleográfica:

O desdobramento de abreviatura; palavras ilegíveis, ou comentários nossos ao texto são assinalados por parêntesis rectos [ ]. Mudança de Linha no texto Original são assinaladas com Barra Direita e numerada |0 sendo que o número correspondente é vermelho.

Mantivemos, nesta transcrição, a máxima pureza do texto, quer no seu sentido, quer na sua grafia, mantemos o “U” por “V”, ainda que este possa criar alguma dificuldade inicial na sua interpretação.