Basílio Horta aponta perda de “referência histórica e política”

Óbito | Mário Soares morreu hoje aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa

Basílio Horta, presidente da Câmara de Sintra | Imagem: arquivo

O presidente da Câmara de Sintra considerou hoje que a morte do antigo Presidente da República Mário Soares representa a perda de uma das “grandes referências históricas e políticas” nacionais e europeias.

“Com o falecimento do dr. Mário Soares, Portugal e a Europa perdem uma das suas grandes referências históricas e políticas. Um dos vultos que mais lutou por um mundo feito de homens livres e de pátrias democráticas”, afirmou Basílio Horta (PS) à agência Lusa.

O autarca salientou que “há homens que são história”, como é o caso de Mário Soares, acrescentando que “desapareceu uma das personalidades mais marcantes da nossa contemporaneidade”.

Além de salientar o papel do histórico líder socialista enquanto “forte opositor ao regime do Estado Novo, que o levou à prisão política e ao exílio”, Basílio Horta notou que, após 25 Abril de 1974, Soares “foi, a par de outras figuras marcantes, um dos políticos que mais contribuiu para a estabilização da democracia e das liberdades”.

“Homem de grande lucidez, com uma vasta cultura e uma larga capacidade mobilizadora, foi o rosto de grandes causas e de momentos marcantes para Portugal, para a Europa e para o mundo”, frisou.

Basílio Horta recordou a participação de ambos no II Governo Constitucional e, mais tarde, no Governo do Bloco Central, e que, apesar de militarem em partidos diferentes, souberam ultrapassar as “diferenças ideológicas e colocar, em primeiro plano, o interesse nacional”.

O antigo fundador do CDS-PP foi derrotado nas urnas por Mário Soares, nas eleições presidenciais de 1991, mas o antigo chefe de Estado aceitou ser o número um da comissão de honra da candidatura de Basílio Horta, nas eleições autárquicas de 2013, para a Câmara de Sintra.

“Neste momento, quero manifestar a minha mais profunda tristeza por um homem que, para mim, foi simultaneamente inspirador, adversário e fundamentalmente amigo. Portugal está afetivamente de luto”, vincou o autarca, que expressou um “sentido e solidário abraço nesta hora de dor” à família de Mário Soares.

O antigo Presidente da República Mário Soares morreu hoje aos 92 anos, disse à agência Lusa fonte do Hospital da Cruz Vermelha.

Mário Soares encontrava-se internado desde o dia 13 de dezembro.

Ao longo de décadas, desempenhou os mais altos cargos no país e a sua vida confunde-se com a própria história da democracia portuguesa: combateu a ditadura, foi fundador do PS e Presidente da República.

Nascido a 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares foi fundador e primeiro líder do PS, e ministro dos Negócios Estrangeiros após a revolução do 25 de Abril de 1974.

Primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, foi Soares a pedir a adesão à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e a assinar o respetivo tratado, em 1985. Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.