João Paulo Pedrosa | “O genuíno sentido do dever público”

Quando, há uns bons anos atrás, fui pela primeira vez falar com o Dr Basílio Horta na sua qualidade de cabeça de lista do PS por Leiria, a primeira coisa que me disse foi “eu sou um homem rico”, pareceu-me, nesta singela afirmação, existir nela um misto de justificação entre a imagem que uma pessoa abastada causa num país com tantos pobres e a desconfiança que, eventualmente, um partido político de esquerda como o PS poderia sentir perante tal circunstância. Disse-lhe que o problema do PS não era com os ricos, mas com o facto de haver pobres.

Conto este episódio aqui, na verdade, porque o lapso na sua declaração ao Tribunal de Constituicional tão profusamente aproveitado nos últimos dias é, justamente, por esta altura, ou seja, o Dr Basílio Horta, como homem íntegro e impoluto que é, não só declarou todos os seus bens e património para efeitos fiscais, pagando os respetivos impostos, como ainda sabia, e afirmava publicamente, sem segredo ou omissão, que a sua imagem e estatuto social predominante era a de um homem efetivamente rico e abastado.

A partir daqui, com efeito, e em bom rigor, só posso e só tenho coisas boas, coisas muito boas, a dizer sobre a capacidade, a inteligência e o apego do Dr Basílio Horta às causas públicas em que se envolve.

Fábricas de Leiria, empresas, encomendas, fornecedores, clientes, trabalhadores sem salários ou subsídios, contavam sempre com a presença e o empenho do Dr Basílio. Por vezes, acontecia, nem sequer sabia onde eram algumas delas, bastava que nós, ou os autarcas, lhe disséssemos que na longínqua Alvaiázere, por exemplo, havia uma empresa em dificuldade, lá estava ele, ao telefone, junto do governo, das instituições de créditos, fosse de quem fosse, a dizer, ajudem aquela empresa, desbloqueiam aquele problema.

Fazia-o pois por genuíno sentido do dever público, de quem efetivamente acredita que a sua ação pode melhorar a vida das pessoas, sempre com a singeleza de homem cristão, austero, que sendo de posses dormia hotéis baratos de três estrelas a que apenas exigia um simples duche de água fria pela manhã. É pois a este homem que, em surdina, e através de meias palavras, a oposição em Sintra procura passar a ideia de que se locupletou com o seu apego ao bem público – vendilhões, é o que são!

Mete-me, pois, muita impressão, hoje ver que um homem, de quase 75 anos, com uma fortuna pessoal e patrimonial considerável, grande parte dela herdada da sua família, que podia andar pelo mundo a alojar-se nas Torres Petronas ou no Burj Al Arab, anda a ser enxovalhado por medíocres e invejosos, pelo simples facto de, a uma vida faustosa e de luxo, preferir dormir e acordar a pensar em construir hospitais, centros de saúde, habitação, estradas, escolas e creches no concelho de Sintra que é, de facto, a única ambição que o move. E eu, pelo conhecimento que tenho dele, e como testemunha privilegiada que fui da sua influência e capacidade de realização, não tenho dúvidas nenhumas em dizer que só ele é capaz de concretizar assim.

Dr Basílio, se não o quiserem em Sintra (e eu estou firmemente convicto que querem) venha cá para Leiria que temos muitas saudades suas!

Bem-haja pelo que é!

 

João Paulo Pedrosa | O ex-presidente da Federação de Leiria do Partido Socialista