Isaltino Morais recorda comando da NATO como “arma de prestígio”

A localização do comando da NATO em Oeiras nas últimas décadas serviu como “arma de prestígio” do concelho, contou à agência Lusa o antigo presidente da Câmara de Oeiras Isaltino Morais, eleito pela primeira vez em 1985.

“Quando assumi as funções de presidente de câmara a primeira vez, o [argumento] que usava para chamar a atenção era a NATO, porque era uma referência para atrair empresas e serviços de base tecnológica”, contou à agência Lusa a propósito dos 50 anos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) em Portugal, a quase totalidade localizada em Oeiras.

A 22 de fevereiro de 1967, faz quarta-feira 50 anos, o comando Ibero-Atlântico da NATO, Iberlant, fixa-se provisoriamente em Sintra e a 29 de outubro de 1971 são inauguradas as instalações permanentes do comando da NATO em Oeiras. A 18 de dezembro de 2012 o comando foi desativado, mas em junho do ano passado, o Conselho de Ministros aprovou o lançamento do concurso público para a escola de Comunicações e Sistemas de Informação da NATO, que se irá localizar também em Oeiras.

Em declarações à agência Lusa, o ex-autarca lembrou aquele comando também como um grande atrativo de figuras internacionais.

“Tinha bastante pessoal, muita gente de diferentes países. Durante muito tempo o comando era americano. Só começou a ter comandantes portugueses há para aí dez anos. Antes disso eram estrangeiros… Havia muitas cerimónias, muitas visitas, com grande impacto social”, recordou.

Na época sem um hotel ou um grande espaço residencial de qualidade em Oeiras, segundo Isaltino, a fronteira com Cascais fez com que o concelho vizinho beneficiasse da estadia das grandes figuras.

“Oeiras começou a ter hotéis há cerca de 20 anos e quando podia começar a beneficiar do impacto da NATO foi quando aquilo começou a perder importância”, lamentou.

Das visitas feitas à NATO, Isaltino Morais recordou aquele como “um centro de comando extraordinário” e o rigor protocolar.

Numa das visitas, num almoço oferecido por um comandante francês, Isaltino disse “guardar de forma especial” o reconhecimento com que foi tratado.

“A dada altura, durante a refeição, ele [comandante] disse-me que sabia que eu gostava muito de peixe, mas como não há não há melhor peixe do que em Portugal, a ementa foi carne. Achei graça a isso de recolherem informação dos convidados e o reconhecimento pela nossa gastronomia”, contou.

“Foi indiscutivelmente importante para a imagem do concelho, já que Oeiras é um concelho militarizado e uma forma que eu tinha de valorizar as estruturas era pelo equipamento muito associado à Defesa”, afirmou.

A agência Lusa contactou a atual presidencia da câmara de Oeiras para abordar a presença da NATO no concelho, mas sem sucesso.

Lusa