A necessidade de investimento na manutenção da linha ferroviária de Sintra foi hoje defendida pelo presidente da autarquia, Basílio Horta, mas a CP assegura que as composições só circulam com todas as “condições de segurança”.

“Há aqui problemas que, se não forem atalhados, podem ser até problemas de segurança e isso não podemos admitir. Vamos esperar, vamos ter paciência, mas vamos continuar a lutar para que haja investimento no material circulante e nos carris”, afirmou o presidente da câmara questionado pela agência LUSA após a reunião do executivo municipal.

Uma fonte oficial da CP-Comboios de Portugal salientou que a empresa monitoriza a segurança e circulação de todos os seus comboios e assegura aos utentes da Linha de Sintra que os seus comboios não circulam sem “as necessárias condições de segurança”.

A transportadora ferroviária escusou-se a comentar as declarações do presidente da autarquia, que apesar das suas dúvidas admitiu lhe ter sido garantido que a segurança, para já, não está posta em causa.

“Temos de acreditar nos engenheiros da CP, que são gente competente, mas a verdade é que há em algumas carruagens uma deformação das rodas por força de inadequação a alguns carris, isso está em relatórios, e isso preocupa-nos”, afirmou Basílio Horta.

O desgaste dos rodados da frota da Linha de Sintra foi identificado em 2013, obrigando então à imobilização em oficina de mais composições do que seria de esperar, e terá, entretanto, sido resolvido.

A CP recorreu, a partir de novembro do mesmo ano, a comboios de dois pisos para manter o nível de serviço.

“A verdade é que são 11 composições a menos, o que afeta a nossa mobilidade e isso não pode acontecer”, comentou hoje Basílio Horta, esperando que o Governo concretize os anunciados investimentos na ferrovia.

Segundo dados oficiais, a linha entre Sintra e Azambuja registou, em 2016, uma média em dia útil de 180.000 utentes e movimentou, no mesmo ano, um total de 49 milhões de passageiros.

Apesar de possuir o maior tráfego em toda a rede ferroviária nacional, a linha tem sido objeto de modernização, com a quadruplicação da via e reabilitação da maioria das estações, embora algumas, como a de Algueirão-Mem Martins, ainda aguardem por melhores condições para os utentes.

“O que tem acontecido é um desgaste do material circulante, por via de se ter menos carruagens a circular na Linha de Sintra, o que provoca atrasos significativos em hora de ponta, quer no período da manhã, que do fim da tarde, e supressão de comboios”, apontou o vereador independente Marco Almeida.

O autarca criticou, no entanto, a “declaração alarmista” do presidente da câmara, por colocar em causa a EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário), a CP e ministério das Infraestruturas.

Para o autarca independente, que nas próximas eleições autárquicas volta a concorrer à câmara numa coligação do PSD/CDS-PP, o presidente da autarquia devia saber que “das 66 carruagens que servem a linha ferroviária de Sintra, 12 estão inativas por falta de verbas que suportem a sua manutenção”.